sábado, 7 de março de 2015

2015

Tem tudo para ser um ano promissor, afinal basta nos querermos, acho que todos os anos têm essa possibilidade, nós às vezes é que não estamos abertos para ela, ou talvez, não estejamos a ver da perspectiva certa, sei lá...
Comecei o ano muito feliz. Os últimos seis meses de 2014 foram uma aventura e uma experiência únicas, um sonho profissional daqueles que se tem, mas que achamos que vai ficar guardado para sempre.
Se por um lado o afastamento e o seguir novos caminhos entre mim e a pessoa que eu via como minha alma gémea, como meu melhor amigo, ainda hoje me deixa triste e houve alturas em que a dor foi muito difícil de suportar; por outro o novo da experiência, a abertura de horizontes, o conhecer pessoas novas, o permitir-me a confiar e a explorar novas possibilidades, criaram em mim mais segurança e confiança.
Sempre gostei do que fiz profissionalmente, sempre me entreguei de corpo e alma às missões das empresas por onde passei, mas nem sempre fui bem sucedida. O rasto deixado para trás é positivo e isso é bom, as relações, as pessoas também. Também sempre vivi muito em função do trabalho e ignorei a minha vida, o que me apercebi causava um vazio enorme dentro mim, vazio que eu pensava que vinha do facto de ser mal amada.
No final de 2014 tive a certeza do que me preenche profissionalmente, senti que não quero mais ser escrava do trabalho, não preciso de viver dependente, pois quando há portas que se fecham, há outras que se abrem. Permiti-me sonhar e acreditar que se o podemos sonhar, também o podemos fazer.
Iniciei o ano feliz. Tinha feito caminho, bom caminho, estava a continuar no bom caminho. A fantástica experiência estava a chegar ao fim, estava feliz por voltar a casa, nostálgica por estar a chegar ao fim, entusiasmada com os projectos e ideias na minha cabeça.
O regresso a Portugal foi um choque, senti muita saudade de tudo o que tinha ficado para trás, o frio não ajudou, sentia-me inerte e congelada, mas não me podia deixar ficar ali aborrecida com a realidade. O amor da família, o carinho dos amigos, as coisinhas boas que o nosso país tem, depressa me fizeram sentir bem, novamente em casa.
A um ritmo lento deitei mãos à massa. O medo das coisas todas para onde ia voltar, porque me sentia bem sem elas, foi sendo atenuado e não podemos fugir, mas tentar fazer o melhor que conseguimos a nossa parte.
Assentei um bocadinho os pés na terra e vi que não vai ser fácil, nem rápido concretizar tudo o que sonhei, mas não é impossível.
Ao início desanimei um pouco, deixei-me abater, senti coisas estranhas: sempre desejei ter um período de descanso, agora que o tinha já me estava a aborrecer de ter pouco para fazer; senti um pouco de inércia e falta de vontade e apercebo-me agora que podia ter feito um bocadinho mais.
Fiquei feliz com a possibilidade de voltar a ter mais um bocadinho desta experiência profissional, numa altura em que me sentia insegura com todas as incertezas do futuro.
Partir novamente... ao início fiquei entusiasmada, nem pestanejei a responder sim, na véspera da partida, senti que agora já estava adaptada, já estava a recomeçar, talvez não fosse boa ideia. Quando aqui cheguei, senti-me em casa, senti-me como se nunca tivesse partido, senti-me bem, mas ainda nem sequer começou. Apercebo-me de que gosto de estar sozinha, de me afastar das coisas todas onde participo, será egoísmo? Não posso permitir-me a viver só para mim, mesmo que partilhe essa vivência com os outros... será um caminho a fazer...
Talvez tenha consequências ter feito uma pausa nos meus projectos, mesmo na fase do nascimento, mas quero acreditar que não, haverá muito de positivo para levar comigo e poder fazer as coisas melhor.
Sinto-me feliz, confiante, uma sonhadora :)