terça-feira, 27 de dezembro de 2016

vida

é tão energica como fogaz; é tão alegre como triste; é tão longa como curta....
As marcas que deixamos nos outros, haverá sempre as boas e as más, felizmente existem aquelas pessoas que só deixam boas lembranças.
às vezes gostava de não crescer, ficar para sempre criança como o Peter, não sofria o que os adultos sofrem, as probabilidades de ver as pessoas partirem e deixarem a saudade eram menores, não tinha responsabilidades e sorria e brincava livremente de uma forma pura e natural..., as mágoas que os outros causam em nós, as feridas que nos fazem, curariam tão rapidamente, porque as crianças esquecem mais facilmente.
A inocência de criança é fácil de manter, basta crermos, para tudo nesta vida basta acreditar e ter confiança.... parece simples mas é tão, tão complicado.
Os anos passam e vou assistindo a vida a desenrolar, os amigos a casarem , os filhos a nascerem e os pais a partirem, na vida nem tudo é bom e um dia chega a hora do adeus, por vezes dizemos adeus a pessoas que continuam vivas mas que para nos morreram de alguma forma ou mataram a nossa existência na vida delas, por outras dizemos um adeus talvez final e ficamos com as marcas e as boas lembranças e se for bom e nos fizer sorrir ou chorar de saudade porque foi bom, então foi bom, essa pessoa fez um bom caminho, travou o bom combate e deixou saudade e sorrisos espelhados nessa saudade.
Hoje viajei no tempo, às memórias da criança que tinha um respeito enorme pelo pai da melhor amiga, quase pincelado de medo, porque era aquela pessoa que nos ensinava e obrigava a ser cortês e educado, a treinar as regras da etiqueta à mesa para correr tudo bem no jantar de anos, a entrar no carro, a saber estar, de um modo geral.
O medo deu lugar à amizade e viajo até à adolescente cheia de sonhos, com algumas limitações e ao pai da melhor amiga que arranjou forma de os concretizar, das mais diversas formas; às brincadeiras, à educação musical, às vezes que tive quase forçada que dançar com ele, porque adorava música, às lições de vida, a todo o apoio e carinho sempre presente, à vida seriamente alegre, que nos acompanhou e viu crescer....
É triste vermos as pessoas que gostamos a perder a vitalidade, a perder a memória, a perderem a pouco e pouco o que são, mas em nós fica sempre a melhor lembrança, no mundo ficam os filhos e os amigos tocados por ele, creio que deixamos pedacinhos de nós espalhamos nos outros e esse acredito ser o verdadeiro sentido desta vida: amar os outros, viver uma vida de amor, pois tudo o resto não importa e no fim quando partirmos, se deixarmos muita saudade é sinal que cumprimos a nossa missão.
Mesmo sem o ver há alguns anos, as marcas em mim são muitas e boas e é com carinho e gratidão que sorrio por ter tido alguém assim a pincelar a minha vida.
Nós somos uma tela, onde nos próprios nos pintamos, mas o mundo e os outros à nossa volta também são artistas em nós.
Nessa tela fica pintada um pedacinho das vidas de todos os que se cruzam no nosso caminho.

domingo, 4 de dezembro de 2016

A familia e os amigos

A minha curta experiência de emigrante conduz-me a saborear sempre com mais vontade todos os momentos em família, é como se quisesse aproveitar ao máximo aquele singelo e simples sorriso abraço, palhaçada.~
Este ano não tenho de ir embora e sabe bem ficar, apesar das saudades muitas que sinto daquele outro mundo onde eu era feliz.
Ninguém gosta de nós como eles, por vezes discutimos, mas na certeza de que eles querem o melhor para mim e às vezes se eu desse ouvidos ou ouvisse o que não gosto de ouvir e seguisse os conselhos que não gosto de receber, evitava quem sabe algumas lágrimas... mas isso é passado.
Hoje estou feliz pela família que tenho, por estar perto.
Hoje estou feliz porque a tristeza e as quedas por um lado colocaram pelo menos 1 pessoa fantástica na minha vida, daquela que mesmo longe esforçam-se para que saia um sorriso, por outro aproximaram-me dos amigos, percebi que sozinha não ia a lado nenhum, precisei de ajuda e não é vergonha dizer, precisei de ombros para chorar e foi bom te-los e senti-los a chorar comigo; precisei de ouvidos para escutar e foi bom tê-los sem qualquer repreensão ou comentário, mas apenas com a função que um ouvido deve ter: escutar.
O tempo passa e as amizades parecem que ficam superficiais, mas não, está sempre tudo lá, basta a coragem de abrir uma porta, de chamar, de pedir, de falar.
E felizmente tive os amigos, para escutar, chorar, rir, partilhar o bom e e mau, para me ampararem nas quedas, apenas com comentários encorajadores, sem julgamentos.
E felizmente eu tive a coragem de ser e de me partilhar com eles, de não guardar tudo para mim, de partilhar também o mau e não apenas o bom, pois afinal na vida nem tudo é cor-de-rosa.
Tem sido um longo, mas feliz caminho, a caminho de uma melhor versão de mim. As quedas, as desilusões, as feridas, as frustrações, as dificuldades, os desafios, só nos podem tornar mais fortes e afinal têm frutos bons, trazem laços mais fortes com quem nos ama, e simplesmente é, sem máscaras, defeituosamente simples.
Hoje mais do que nunca sinto-me grata por isso e o meu maior desejo é ser, deixar marcas boas que fazem sorrir, amar os que me rodeiam com as minhas limitações e defeitos, amar os que não me rodeiam, porque sim.
E ao Deus que sempre me acompanha, apesar da minha fé pequenina eu peço a graça de um coração puro e simples, a graça de confiar sem medo, a graça de uma vida cheia de tudo o que é bom e faz sorrir.