quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Dividida

"procura constantemente uma situação estável e aborrece-se mal a encontra" nunca mais esqueci esta frase de um quadro que me ofereceram em criança com a explicação do meu nome!!! Talvez porque sempre achei que se adequa na perfeição! Sou muito determinada, sei o que quero, ou o que não quero, o que gosto e o que não gosto, mas ando constantemente indecisa, talvez porque goste de muitas coisas e seja uma pessoa de muitas paixões.
Com a minha idade é suposto (ou é-nos imposta essa ideia) que devíamos estar estáveis, ter a vida orientada, para deixar descendência, ou arranjar quem cuide de nós na velhice, e continuar a viver este caminho feliz, mas por vezes tramado que é a vida.
E eu admito já sinto falta dessa estabilidade.
Gostava de ter o meu espaço a minha casa, mas na verdade gosto muito da casa dos meus pais que também considero muito minha (já morei em várias casas ou quartos alugados e só aqui sinto que é o meu espaço), sair daqui, só para me juntar com a minha alma gémea, se algum dia nos encontrarmos.
Gostava de me fixar, não andar para cá e para lá com a casa às costas. Gostava de ficar, mas também gosto de lá estar e cá dificilmente encontrarei um emprego que me dê a satisfação que o de lá me dá.
Sinto inveja dos jovens casais, das rotinas que têm com os filhos, do facto de terem uma vida a dois, de estarem a caminhar acompanhados. Vejo os anos a passar e a minha vida é vivida ao contrário. Nos anos 20 quando deveria ter feito mais experiências, cheguei a ter uma casa, tive um emprego fixo e relativamente estável durante quase 8 anos, fixei-me num lugar, cruzei-me no caminho com potenciais almas gémeas, mas nada aconteceu. Construí pouco, caminhei muitas vezes sem sentido... nos anos 30 ando para cá e para lá, descubro um emprego que me satisfaz muito e para o qual não precisava ter estudado tudo o que estudei (mais valia ter aprendido a dançar), mas na altura queria coisas diferentes, se bem que um dia toda essa experiência e bagagem vão dar ter a sua utilidade e tudo vai fazer sentido, aliás são as experiências do passado que conduzem às do futuro e todas tiveram a sua importância.
Neste momento em que me mentalizo para se decidir por mais uma partida, que não tem de ser definitiva, mas sinto que tenho de pensar bem no que quero e onde quero estar... fico dividida, quero ir, mas queria ficar.
Sei o que me causa todo este desconforto, ansiedade, dúvida e instabilidade, mas mesmo assim tenho dúvidas e pouca coragem para dar algum passo em frente.
Sei que se caminhasses a meu lado, tudo tinha uma cor diferente, o mundo nunca mais ia ser o mesmo, o lugar não tinha mais importância, a divisão não tinha mais motivos para existir, pois o meu caminho com o teu passava a ser o nosso e nada me deixaria mais feliz :) .... a sonhar acordada

sábado, 23 de janeiro de 2016

Medo de arriscar

Um medo que vem não sei de onde, quem me impede, me atrofia, me corta a voz e o movimento, me afasta o sonho. às vezes fico a sonhar e sonho apenas, à espera que tudo aconteça como que por magia, esqueço-me que tenho de fazer a minha parte... na realidade não me esqueço, mas acho muito difícil e algo impossível para mim, atrofio de uma tal maneira e dificilmente serei capaz...
Sempre fui tímida, desde os tempos de liceu em que sabia as respostas mas esse mesmo medo estúpido bloqueava-me a voz e impedia-me de ser participativa nas aulas, cheguei mesmo a ser prejudicada por isso nas notas. Nas relações com os outros acontece-me o mesmo, tenho sempre receio de tomar qualquer iniciativa, salvo quando já tenho um grande à vontade com alguém. Não sei se tenho medo do não, da rejeição, talvez, mas existem coisas para as quais me falta e faltará sempre a coragem.
Felizmente e ao mesmo tempo curiosamente, sempre tive trabalhos que me forçaram a ser o contrário de tudo isto. Estar em contacto direto com pessoas, muitas pessoas, ser responsável, dar a cara nas reclamações, ter pulso forte para gerir e orientar equipas, muitas vezes problemáticas, dar aulas de fitness, ser extrovertida e vender, vender, ir para a rua atrás dos clientes.... e este medo prejudicou-me muitas vezes, causou insucessos, mas pouco a pouco fui melhorando nas coisas gerais.
Já no que toca às relações com o sexo oposto, cada vez estou pior, o medo é cada vez maior. Talvez de todas as mágoas e rejeições do passado tenha aperfeiçoado esta fobia, e das poucas vezes que arrisquei ter levado um banho de água fria.
Talvez algumas oportunidades se percam, ficam pelo caminho, quando eu não tenho a coragem de meter conversa, de fazer as perguntas banais sobre as coisas banais que senti curiosidade em saber para o conhecer melhor, quando fugi e desviei caminho porque senti as bochechas a corar em vez de ir em frente sorrir e dizer olá; quando não tenho coragem de mostrar e dizer o que sinto e invento mil e uma desculpas para não o fazer....
Fico à espera e quase que acredito que o universo também atua, também tem o poder e a influência de aproximar quem tem de se aproximar; que se trincarmos a vela do bolo de anos com muita força a pensar no nosso desejo, que o universo nos há-de ajudar a concretizá-lo... oxalá que haja um bocadinho de magia nisto tudo, um pozinho de pirilim pim pim para levar alguns dos meus medos embora ou dar-me a oportunidade de ir ao baile, nem que seja só até à meia noite :)