segunda-feira, 23 de março de 2020

O isolamento

Os sonhos acabam sempre por se realizar, mas nem sempre nos moldes que esperamos. Toda a gente se queixa de falta de tempo, a vida é a correr e muitas vezes nem sabemos para onde! Agora o mundo parou, ou uma boa parte dele, nós temos tempo de sobra, mas falta-nos a liberdade, faltam-nos os outros.
Na correria da vida há muito que sonhava com uns dias em casa, para simplesmente descansar e não fazer grande coisa, mas ia adiando. Quando tiro férias sinto que são mal aproveitadas para simplesmente parar e, de repente, esse pedido é concretizado, embora com um sabor a amargo. De repente também, não posso sair quando quero, não posso aproximar-me, não posso estar com quem gosto, não posso nadar, não posso andar de bicicleta, correr é só um bocadinho e não posso ficar indiferente à injustiça que é para quem tem de trabalhar, quem tem de lutar nesta guerra estranha...
Vamos no décimo dia em casa, sem trabalho, e no sexto de prisão domiciliária, mas não me queixo! Dou graças pelo tempo, por poder parar, apanhar o sol amarelado na janela do meu quarto que me faz sonhar; observar cada dia as folhas que começam a nascer na árvore do jardim e no chão; aproveitar o conforto da casa; sobretudo descansar e viver das coisas simples.
Sinto-me segura e em paz, mas com o coração nas mãos a rezar e a pedir que tudo isto acabe cedo! E saibamos e tenhamos coragem para renascer depois. Não vou poder ter as férias com que andava a sonhar, mas há pessoas em situações bem piores. No fim se  o que perder for apenas uma viagem, se tiver a oportunidade de viver momentos parecidos aos que ia ter, cada abraço será eterno.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Não perder o foco

É importante ter objectivos, é importante manter o foco principalmente quando chegam ondas maiores, que nos tentam a desistir, a ir por caminhos mais fáceis....
Ao olhar para trás, nestes 10 meses de luta com uma lesão, vejo que sempre tive os meus objectivos e sempre sabia onde queria ir, mesmo quando as coisas não correram como previsto, mesmo quando houve retrocessos e desilusões e dores e tristezas.
Ao chegar à meta naquele dia, foi a felicidade de conseguir abraçar tudo isto com um sorriso, de não me deixar vencer pelos escolhos desta vida, que deu um sabor ainda maior.
Nada está definitivo, o caminho é sempre para a frente, é importante que eu nunca me esqueça disso.
O caminho está cheio de apelos, uns mais apetecíveis que outros, uns mais fáceis de encarar, outros mais difíceis de resistir,o importante é não perder o foco, saber bem o que quero e o que não quero.

sábado, 25 de agosto de 2018

O sonho comanda a vida

Hoje é um dia triste...deitei-me e acordei com uma sensação de vazio que já não sentia há muito tempo, mas ao mesmo tempo tranquila, calma e serena como também já não experimentava há muito tempo.
Hoje era um dia para ser muito feliz, era um dia para dormir pouco e estar nervosa, concretizar um sonho, sentir-me feliz e realizada, trabalhar a correr, e amanhã descansar feliz.
Mas hoje foi um dia de dormir muito, não trabalhar, não concretizar sonhos, não ter vontade de fazer nada, deixar-me vencer pela preguiça, pela tristeza, pelo cansaço, pela esperança de que este descanso vai ajudar o meu pulso a ver-se livre desta tendinite.
Deitei-me e acordei cansada, abatida, moída, não sei se foi da acumpultura ou do vinho daquele bar tão simpático na rua do sofrimento em Paris.
É bom ter amigos que nos escutam, que nos fazem companhia, que nos distraem das tristezas e desatinos do dia-a-dia.
Era para ser uma semana fantástica e foi a pior semana do ano! De facto, quando algo de mau acontece, há uma espiral e tudo começa a correr mal, senti todas as forças negativas a puxarem-me lá para baixo; senti as lágrimas bem detrás dos olhos prontas para sair; senti o sorriso a ir-se embora mesmo quando eu lhe peço para ficar e, como sempre, sinto a mão de Deus que me guia neste mar agitado e não me deixa afundar.
Mas mesmo assim, por vezes, preciso de fugir. Fugir para lá onde tudo pode acontecer, onde não há barreiras, nem limites, onde tudo pode ser à minha vontade: o mundo dos sonhos, daqueles que sonhamos acordados, daqueles que fariam todo o sentido....
Naquele mundo onde tu fazias parte e mesmo não te conhecendo bem consigo acreditar e sonhar que só mais felicidade poderia vir se as nossas vidas se cruzassem.
Convidavas-me para jantar ou para beber um copo pela soirée na tua cidade, que agora também é minha. Conversávamos como se o tempo não tivesse fim, deliciavamo-nos com as descobertas um do outro e com um bom vinho claro, eu ia ter resposta a todas as minhas curiosidades e tu, tu poderias saber o que quisesses, toda eu seria um livro aberto para ti, com muitas páginas escritas, mas muitas outras em branco à espera da tua caneta de penas.
Depois um pequeno passeio à beira do rio, sim uma das minhas zonas preferidas:o rio, ou algures em Monmartre entre os bares cheios de história, contemplávamos os dois a cidade que tanto amamos.
E aí sim com receios, mas sem nada temer juntavamo-nos num beijo que ia acender uma chama, para nunca mais se apagar. Estava escrito  nos astros, estava nos planos de Deus, não havia volta a dar, mas havia muitas voltas para dar....
Mas nem sequer sei se gosto de ti, não te conheço, és algo distante, imaginado mas real, desejado, mas temido, se te voltar a ver acho que vou corar da cabeça aos pés, o meu coração vai disparar a mil à hora e eu vou desejar não estar onde quer que eu esteja, como da última vez mas depois suspirei de alívio porque era só a tua família, tu nem sequer lá estavas. Nem sei porque reajo assim se eu não te conheço, nem sei se gosto de ti, acho que foi mais uma ideia que criei, para poder fugir em dias como hoje. Mas o que me disseste da última vez que te vi é o que eu desejo no fundo do meu coração que aconteça:
"Até breve, eu espero! :)"
Eu também :)

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

"Quelle idée"!

Deitada na marquesa na sala de kinesioterapia a levar tortura no pulso lesionado, tento disfarçar a minha cara de sofrimento e o desgosto de coração partido por estar a mentalizar-me lentamente que não vou poder ir à prova para a semana...quelle horreur!
"Quelle idée" diz-me o terapeuta com um cara cómica no fim de me ter torturado! "Quelle idée" penso eu, ter menosprezado isto que já me atormenta hà 2 meses e agora estou a desesperar a ver que não vou poder participar na prova que eu mais queria.
Há um ano que sonho com este triatlo, foi a prova que vi e que despertou o clique em mim para começar a treinar, pensei "para o ano vou fazer isto" e agora depois de tanta preparação, depois de estar inscrita há meses, provavelmente terei que pensar: "para o ano vou fazer isto"!!!
Apetece-me ser inconsciente e fazer a prova mesmo que ele me desaconselhe; e depois logo se vê, vai ser difícil ser responsável e pensar é melhor não ir agora e curar-me, do que estar a estragar tudo....até me custa pensar, vai ser tão difícil esse dia para mim...vou ficar em depressão.
Felizmente já fiz uma prova,porque a estreia era para ser só agora, esta era a grande prova, mas já da última vez fui irresponsável pois já estava lesionada!  Quem corre por desporto não cansa (mas lesiona) e até correu muito bem, mas depois tudo piorou, embora não tenha sido da prova (penso eu).
Porque é que eu gosto tanto de desporto e dou tanta importância a isto? Porque é que eu andei tanto de biciclete que fui lixar o pulso todo?
"quelle idée"!!!!!

quinta-feira, 19 de julho de 2018

4 anos de magia

Lá passar o tempo passa...
Há quatro anos eu começava uma das melhores experiências da minha vida; sem me dar conta na altura, mudava de vida, tinha o sonho tantas vezes sonhado quase em desespero, de uma vida profissional tranquila, que enche a alma a 100% e nos faz transbordar de felicidade.
Comecei esta aventura sem pensar muito, era uma experiência já muito desejada, escrita  no meu livro de sonhos, mas na qual eu já não acreditava. Ao início estava no mundo da lua, tudo era perfeito, todos os meus problemas ficaram em Portugal e eu encontrei uma felicidade plena que há muito não sentia.
Vivi cada hora daqueles 5 meses e meio de contrato intensamente, com o coração cheio de saudade, pois existem muitas coisas e muitas pessoas das quais não é fácil despedir.
Senti-me a renascer, uma oportunidade para recomeçar tudo de novo, apesar de haver alguns "males" com os quais não foi fácil acabar.
E era isso, um tempo de transição enquanto esperava por um curso que queria muito fazer, não queria ficar, achava que não me conseguia despedir de vez das maravilhas do meu país, mas alguns meses eram suportáveis, ter a data de volta dava-me um conforto enorme, e também a vontade de aproveitar cada segundo.
Tudo com o que sempre sonhei: uma experiência profissional no estrangeiro, um curso intensivo de francês que estudei tantos anos e tinha imensa pena de estar tão esquecido e a possibilidade de descobrir e passear vezes sem conta na cidade luz, que tantas vezes tive para visitar.
Muitas vezes senti que era este o meu lugar, mas não queria explorar esse sentimento, ignorava-o até, tinha outros objectivos bastante definidos, dos quais não queria abdicar..
Ao fim do primeiro contrato regressei de coração cheio mas com vontade de mais, só mais um bocadinho, só mais uma estação, afinal ainda não conhecia a terra dos sonhos na primavera.
Pouco a pouco fui-me instalando, conhecendo mais pessoas e gostando cada vez mais da vida em França e do trabalho... decidi ficar mais esse ano (mas sempre com data de fim definida), desisti do curso, já não tinha tantas certezas de querer seguir esse caminho.. e foi uma boa decisão, foi um ano super feliz, como há muito tempo não tinha. Tive o azar de me reapaixonar, mesmo à distância e na ilusão de achar que era correspondida, fechar a página de todo este sonho mágico por um sonho bem maior: o amor, encontrar alguém para partilhar o caminho.
Não me arrependo, foi um interregno na magia, que trouxe descobertas, conhecimentos, que me permitiu crescer, ganhar outras experiências profissionais, matar saudades da família e do país e perceber que era aqui, bem juntinho à terra dos sonhos que eu queria estar, que eu me sinto feliz.
Fazermos algo que gostamos é qualquer coisa de espectacular, trabalhar com magia mesmo sem ser mágico é maravilhoso. Sempre gostei dos trabalhos que tive e fiz tudo com paixão, mas este é especial, é o que se encaixa mais em mim. Tudo o que aconteceu neste último ano e meio me faz tomar consciência que aqui é o meu lugar, é quase como se eu sempre soubesse, como se tivesse destinado. E ao olhar para o passado existiram muitos sinais desse destino que só agora vou percebendo.
O futuro ninguém sabe, apenas o podemos sonhar, voltar poderá estar num desses sonhos, ficar também.
E são 4 anos de magia, a encantar, a viver algo extraordinário, uma boa parte do meu dia é abraçar pessoas, encantar crianças e encantar-me a mim.
Tanta magia à minha volta, para a minha mente sonhadora, por vezes pode não ser muito bom, é fácil viver no mundo dos sonhos à espera que o "bibibidabidibu" trabalhe por si sem que eu faça a minha parte; às vezes vivo à espera que um milagre aconteça e depois fico triste quando a realidade não é bem como a realidade que imaginei, mas temos que sorrir e seguir em frente e saber que Ele (o maior mágico de todos) estará sempre comigo: Deus.
Sinto-me agradecida por tanta magia à minha volta, eternamente grata.

domingo, 15 de julho de 2018

O Amor e o preconceito

"Tomai Senhor toda a minha vida"...
A desolação pode chegar sem darmos conta, está sempre à espreita, mas na oração encontro o rumo na minha estrada da felicidade.
Um sorriso e um acontecimento podem trazer-nos a maior felicidade, mas também o "medo que sempre acampa à minha volta", de repente a minha vida ganha uma cor diferente, o meu sorriso estende-se ainda mais de orelha orelha, o meu pensamento sonhador voa sem fronteiras e a minha razão diz-me que devo voltar à realidade e cortar já tudo, tal é o medo que eu tenho de me apaixonar.
Depois do amor, que pode despertar do que mais simples acontece em nós, vem o preconceito de que será assim só porque é assim... assim percebo que ainda não cheguei lá a "uma fé sem fundo", que ainda tenho muita dificuldade em acreditar, que fico aflita quando vejo a maré a subir, e facilmente me desoriento.
Só Deus para me tranquilizar e abraçar e ajudar-me a manter o olhar para lá das ondas, para caminhar com fé e acreditar que estamos neste mundo para sermos felizes e dar graças eternamente graças por tudo o que bom e mau acontece, mesmo que seja apenas um sorriso, um olhar que me faz sonhar e nunca passe disso, de um sonho... que eu tenha a sabedoria e a paciência para abraçar e esperar e confiar "onde Tu me chamares"

quarta-feira, 11 de julho de 2018

O meu primeiro triatlo

Sempre achei o triatlo um desporto interessante, desafiante, sempre gostei de natação, de biciclete, mas sempre detestei correr, achava algo impossível.
Há um ano, inspirada talvez por amigos cibernéticos que publicam as suas corridas nas redes sociais, resolvi começar a correr de vez em quando, porque estava a começar a desmotivar dos treinos que fazia, resolvi também comprar uma bibiclete, pois treinava sempre em sala, e pensei "vou fazer triatlo".
Achei que era melhor treinar mais primeiro, apesar da vontade ser inscrever-me logo numa prova que decorreu em agosto, mas não fazia a menor ideia como treinar, apesar de alguma experiência em treinos e desporto.
Foi um ano de treinos, ao inicio mal feitos, mas a pouco e pouco as coisas foram acontecendo e fiz a primeira prova.
Estava com receio de terminar muito depois de todos, de ter problemas com a bike e não conseguir terminar, de me sentir mal, foi as 14h e estavam 30 graus, e estava com vergonha, sei lá, muito nervosa.
Ia chegando atrasada e tive que pedir ajuda a um senhor para me montar a roda da bike depois de a tirar do carro, mas la estava eu dentro de água com todas as outras pessoas, num dia de verão, num local girissimo, pronta para dar o meu melhor, pronta para fazer a experiência e pronta para me divertir.
A natação correu muito bem, ainda havia muita gente para trás de mim, desta vez não me enganei no percurso (no aquatlo andei às voltas desnecessárias), senti-me logo cansada, senti que podia dar mais, ter um ritmo mais coordenado, mas estava com receio, ainda tenho aprender a gerir o esforço. Saio para a bike bem avançada o que me fez sentir bem e arranco em força, apesar de muitos homens começarem a passar por mim. Senti que podia dar mais, mas também já sentia os musculos das pernas pesados ainda na primeira volta e tive que me conter com receio de não aguentar a corrida a seguir.
O percurso era fácil não tinha muita inclinação e consegui fazer um bom tempo para mim, apesar de fazer mais treinos de ciclismo do que btt.
Na natação é dificil pensar, na bike o pensamento consegue divagar um pouco e senti-me mesmo feliz, contente, com adrenalina, estava a ser girissimo aquilo e quase que alguns treinos passam pela minha memória e sinto que tudo valeu a pena.
Cheguei à corrida já muito cansada e com muita sede, comecei com mais calma e pouco a pouco fui encontrando o ritmo, mas é o meu elo mais fraco, fiz mais 2 min que o meu objectivo.
Foi qualquer coisa de espetacular, no fim todo o meu ser transbordava de energia, voltei a tirar-me para o rio e foi um dos melhores banhos da minha vida.
Fiquei super contente com o resultado e agora ja tenho uma avaliação do que tenho de trabalhar.... é treinar e sonhar com o próximo que vai ser muito mais giro.
O exercócio aumenta o número de emoções positivas ;)