domingo, 9 de outubro de 2016

A ilusão do Zahir

E todas as ilusões que a ficção nos pode criar... mas é bom sonhar, é bom acreditar, sobretudo que o céu é sempre azul, mesmo que por vezes  o cinzento das nuvens nos faça desacreditar ou esquecer.
"Portanto mesmo sendo difícil, tenho de aceitar as pequenas bênçãos de hoje, que me parecem maldições e o dia está lindo, o sol brilha, as crianças cantam na rua. Só assim conseguirei sair da minha dor e reconstruir a minha vida."
É bom trabalhar o intelectual, o espiritual, afinal de contas é o que é eterno, o físico um dia deixará de existir, será cinza ou alimento para a terra, e a tendência é trabalhar muito mais um "corpo que temos que devolver" do que a mente ou espiritual.
Um dia li, na expectativa de descoberta, de tentar perceber o caminho que alguém muito querido fazia em busca ou ao reencontro da mulher que amava. Sofria como as personagens que se cruzam no caminho entre os dois, mas aceitava e incentivava e torcia e rezava para a jornada corresse bem, para não acontecer o que eu desejava, mas o que o fazia mais feliz.
Iludida pelo sonho de ter um amor que volta, não é que ele voltou, inesperadamente, mas sem qualquer caminho percorrido, não o fazia melhor que antes, nem sequer mais apaixonado, no fundo nem sei porque voltou, foi só para me prender de novo e com ele os sonhos.... se ao início eu tinha receio e dúvidas em abrir a porta, depois queria mantê-la aberta, sabendo que ela já estava há muito fechada... uma esperança estúpida e cega que não morre.
Achava que era o meu amor que tinha voltado para mim mesmo sem eu o ter chamado... e lutei 2 anos para o cativar a ficar, para o cativar apenas, até que tive de partir, quando chegou a hora, quando não foi mais possível ficar, quando o universo me abriu uma porta para me ajudar.
Ironia do universo e volta tudo a acontecer outra vês, fui novamente a personagem que se cruza no caminho entre os dois, o Zahir mudou, mas isso é só um pequeno detalhe. Sou o amuleto ou a bengala que dá geito agarrar, quando o caminho fica muito pesado. Da segunda vez só o universo sabia, mas a busca era em silêncio.
Até do meu amor fui uma bengala, enquanto pensava que ele tinha voltado... não ele ia também em busca do seu Zahir, fez um desvio porque precisava da bengala.
As bengalas são apenas apoios temporários, não queremos caminhar sempre com elas, só quando precisamos, usamos e deixamos. E elas ficam com as marcas do caminho, umas vezes mais gastas outras ainda com muito para dar.
"E no final de contas, como diz um sábio persa, o amor é uma doença" da qual eu me quero livrar, fui atacada e procuro restabelecer-me, sofro e por isso desejo ser curada.
Não quero mais Zahir, o Zahir é doentio, eu quero amor simples e natural, o zahir que sonho agora é o caminho de volta para mim própria e para Deus, na esperança de um dia voltar... a amar e a ser.

domingo, 2 de outubro de 2016

O que tenho cá dentro...

O desejo e o esforço diário de aceitar e sorrir...
O sonho de me soltar, de me limpar desta lama que prende e me impede de avançar...
A escuridão que molda o medo à minha volta, passo a passo, por vezes a retroceder, tropeçar, ir a baixo e voltar a levantar, a luz vai piscando, ela está lá eu é que ainda não cheguei....
O sonho de conseguir olhar para lá das ondas.... onde a confiança é sem fronteiras....
O voto de que jamais alguém lhe faça o que ele me fez, que o sim seja sim e o não seja não;
O desejo de não voltar a ter mais fantasmas no meu caminho, a vontade de um dia voltar a sonhar a dois, com alguém que valha a pena, basta que seja sincero, genuíno e verdadeiro....
O desejo que o primeiro passo seja para continuar e não para enganar e parar....
O desejo de partir, a vontade de ficar...
A saudade... a tristeza... a alegria... a mágoa....a dor...o sonho

....

Um dia eu vou voltar a ser eu....