domingo, 3 de dezembro de 2017

Passagem

Nas últimas horas e dias com o 36 dou por mim a pensar, a pensar talvez demasiado, no que fiz, no que ainda não fiz e gostava de fazer, no que fiz e não devia ter feito, acho é normal. Afinal passamos de um número ao outro, balançamos e pesamos o que há a balançar, fazemos planos ou não para passar um dia agradável. Este ano quiseram fazer-me uma surpresa que não correu muito bem, mas estou grata pela intenção e com a graça de Deus há-de ser um dia de passagem bem passado, longe dos que mais amo, mas rodeada de outros que também gostam de mim e de quem eu gosto.
36 anos já é um bocadinho de vida e tão agradecida que estou.... momentos maus houve claro e ainda bem porque fazem-nos crescer e valorizar ainda mais os bons.
Nos últimos dias senti-me talvez um pouco triste e com receio desta passagem, tudo porque os números começam a pesar e ao olhar para trás arrependo-me do tempo que investi mal gasto, do tempo que já não volta, e que faz com que a minha vida não seja hoje a vida com que sonhava hà uns anos atrás, mas não é melhor, nem pior, apenas diferente e sinto-me feliz, isso é positivo, mesmo quando estou triste sou feliz e isso só com Deus é possível.
É a minha história que se cruza com tantas outras e no fundo esta história é só uma passagem para uma história maior. O que eu mais preciso para ser mais feliz neste momento? Esquecer e perdoar o passado e viver o presente com mais fé e confiança, afinal de contas Ele nunca falha e isso eu tenho testemunhado no último ano.
Por isso há que sorrir, confiar e agradecer a  Deus que me deu este dom que é a vida e me guia no caminho e ajuda  a ver mesmo sem acreditar.
Se a vida não espera, há que correr com ela, permitir-me a uns miminhos físicos, para me sentir melhor e mais bela, estrear uma roupa nova para simbolizar mais um novo ano recomeço e seguir caminho, com um sorriso no rosto. O melhor de nós está sempre por chegar, queremos sempre amanhã ser mais felizes que hoje.
O 3 é o número da criação, da comunicação, o que permite fazer as coisas bonitas, o que produz bons resultados... realmente esta década tem sido um longo suceder de arrepiar caminhos, com muitas quedas pelo meio, afinal de contas a intuição também nos engana e é preciso perder para ganhar, errar para crescer. Tem sido uma década mais feliz que a do dois, sobretudo um longo crescimento pessoal. Ando a tentar fazer as coisas de modo a que fiquem mais bonitas e isso requer o seu tempo ;)
O 7 é o número da vitória, mas com muitas lutas...promete...aqui vou eu abraçar este número sem medo e com alegria.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Faz-se caminho andando

Tem sido um ano cheio de emoções, um ano de redescoberta, um ano a corta-mato e o corta-mato é divertido, por vezes perigoso e cansativo, mas divertido, e assim se caminha: caminhando.
Eternamente dividida entre o cá e o lá, há alturas em quero aqui ficar, eu gosto da vida aqui, há alturas em quero voltar. Fui a casa hà pouco tempo e regressei cheia de dúvidas, o crepúsculo na varanda do quarto faz-me viajar à minha essência, transporta-me sentimentos e recordações, faz-me sentir saudade, mesmo estando ali, quero ficar mais um dia para voltar a ver aquela luz, aquela paisagem, para voltar a me sentir ali bem e feliz. Mas nessas recordações, estão os crepusculos do ano passado, onde me sentia feliz, por ser só mais um dia, sabia bem estar ali, mas o horizonte cor de rosa lá ao fundo dava-me vontade de partir, enchia -me o peito da saudade daqui.
Eu sou assim eternamente antagónica e assim caminho com o peito carregado de saudade, mas caminho feliz.
Descobri novos sonhos e é tão bom ter novos objectivos, sonhar é acreditar, os lugares que vou descobrindo, as coisas e pessoas que vou conhecendo tudo me leva a um propósito e tudo parece cada vez fazer mais sentido.
A vida é mesmo assim, temos que perder para ganhar; temos que errar, muitas vezes da mesma forma, várias vezes para aprender e crescer; temos que sentir a saudade para valorizar; temos que por paixão em cada coisa que fazemos; temos que sorrir e agradecer cada sorriso, cada conversa, cada companhia, cada olhar, cada experiência.
Hoje sobretudo sinto-me agradecida, tem sido um longo caminho, ainda estou longe de chegar onde quero, é difícil apagar do coração tudo o que não é bonito, acho que só vou verdadeiramente perdoar quando conseguir esquecer, às vezes até tudo o que foi mau eu agradeço, pois tem sido um caminho positivo, descobri muito sobre mim, sobre o que quero, sobre como encarar cada dia, sobretudo os dificeis e penso "eu tinha que passar por isto para crescer".
Por vezes depois de um percurso difícil, com mais obstáculos, ao voltarmos a recuperar o fôlego e continuarmos na boa estrada, achamos que estamos preparados para tudo e sem darmos conta nem perceber bem como encontramo-nos de novo num caminho cheio de pedras e buracos onde caímos e nos ferimos.
Olhar de frente os escolhos para não encalhar, não deixar cair os olhos e no caminho contribuir para a felicidade dos outros e trilharemos certamente um caminho feliz.
Sábias palavras de um grande chefe que sonhou e o seu sonho espalhou-se pelo mundo. Aquece o coração ver que o ideal é mundial, que em todo o lado há pessoas a dar continuidade a esse sonho e era algo que sentia falta aqui, mas agora fico de coração cheio ao ver a mochila pronta para mais um acampamento e hoje no dia de Maria agradeço e recordo o conforto e alento nesta peregrinação.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Requiem

"Os amores morrem e nascem
Os séculos passam e desaparecem
O que tu pensas ser a morte
É apenas um período nada mais
Um dia cansado desse erro
Tu partes... não importa
A terra continua a rodar
Mesmo quando nós não rodarmos mais

Abraça-me, diz que me amas
Faz-me sorrir no meio do requiem
Abraça-me, diz-me que me amas
Faz-me dansar até que o tempo nos recupere
O que ele deu...

Levas-me ao paraíso?
Contigo nada morre
O meu sorriso brilha
Antes que a noite apague a luz

Não sigo debaixo do céu prateado
A única escuridão são os teus olhos
Choramos, mas seguimos em frente
É a beleza do requiem

As brasas tornam-se chamas
As raparigas tornam-se mulheres
O que pensas ser o amor
É uma braseira nada mais

As nossas feridas e desgostos
Pensamos que eles têm importância
Mas amanhã o dia renascerá
Como se não tivéssemos vivido

Os amores nascem e morrem
Esta noite finalmente não tenho medo
Sei que te amarei ainda
Quando a terra não rodar mais

Abraça-me, diz-me que me amans, faz-me dansar e sorrir"

segunda-feira, 15 de maio de 2017

A esperança

17 é o número da esperança! Diz quem defende o significado dos números que é o número que está relacionado "com a estrela que guia, com soluções imprevistas para uma etapa dificil. É preciso confiar que na vida, no fim, tudo resulta positivo".
A estrela que me guia é Deus. Com Ele tenho tentado cultivar a esperança e a confiança, em mim, nos outros, no caminho.
Se eu reconheço o caminho da esperança? Na maioria das vezes não, peço à minha estrela que me guie lá "onde a confiança é sem limites".
A esperança "permite ultrapassar o desânimo e voltar a encontrar o gosto pela vida.E onde se encontra a fonte dessa esperança? Na audácia de uma vida de comunhão com Deus. E Ele procura-nos primeiro, mesmo sem termos consciência disso.Há outra realidade no Evangelho que torna a vida bela: a paz do coração. Pode haver no ser humano impulsos que nos conduzam à violência. (...) Deus quer que sejamos felizes... e o que nos interpela é podermos avançar de descoberta em descoberta; de começo em começo.
Consentir e aceitar as provações que fazem muitas vezes parte da vida... procurar sempre a paz do coração. E assim a vida torna-se bela... a vida será bela. Assim brota o inesperado." (irmão Roger)

sexta-feira, 5 de maio de 2017

"The greatest thing...

... you´ll ever learn is just love and being loved in return"
Muitas vezes rezo e peço a Deus que me conceda a graça de voltar a amar e ser amada de volta. Felizmente, pelo menos uma vez na vida, soube o que isso era, amar e ser amada como um homem e uma mulher se devem amar, pois felizmente também, amo muitas pessoas e sinto esse amor de volta.
As saudades de mergulhar num abraço que verdadeiramente me abraça, que me conhece de forma autêntica, que eu conheço; a sensação de confiança e segurança, que no fim associadas à ingenuidade acabaram por fazer que não resultasse, mesmo apesar do amor existir e ser verdadeiro, disso não tenho a menor dúvida.
Às vezes pergunto-me porque não terá resultado, afinal de contas era amor verdadeiro, e tive a prova disso anos mais tarde, mas às vezes já é tarde demais, as vidas já seguiram rumos, o amor já enfraqueceu, nada mais há a fazer senão continuar o caminho em estradas separadas, mesmo depois do reencontro.
Acho que da minha parte era segurança e confiança a mais, acabei por não cuidar, nem regar muitas vezes, o amor não basta por ele próprio tem que ser regado e cuidado, aprendi isso tarde demais. Às vezes consigo ser a pessoa mais desligada do mundo, eu sei. Depois a ingenuidade, a vontade de querer mais, o receio de ser muito cedo, as dúvidas, a vida pela frente, a idade das incertezas e das tomadas de decisões, enfim.
E como se cuida do amor? Mesmo quando sabemos a lição nem sempre é fácil, bem desta última vez amor não existia, ou era unilateral, apenas carinho e gostar, mas mesmo assim acho que podia ter cuidado mais, ter ido mais ao encontro, talvez ele se sentisse mais amado para ser mais verdadeiro e sincero, talvez...e eu tinha partido menos partida, porque resultar não ia resultar sem amor.
Uma vez mais a confiança desta vez na pessoa e não no sentimento fizeram com que no final o resultado seja parecido. E é mesmo isso que mais me magoa, magoou, meu coração começa finalmente a estar em paz, espero que seja para continuar. Eu não queria que ele me amasse, eu queria que ele fosse sincero, que se dissesse sim era sim e foi tudo o que tinha pedido. É a vida, segue o caminho que tem de seguir, umas vezes o que escolhemos, que nunca é indiferente ao que os outros escolhem.
Aos dois homens que amei, e que mais me magoaram, rezo e peço a Deus também que me ajude todos os dias a perdoar, que eles me perdoem também, que eles encontrem a felicidade que procuram, que tenham motivos para sorrir. Com vidas tão diferentes, mas são tão parecidos, dizem que temos tendências para padrões, talvez seja verdade, eu tenho tendência para mentes problemáticas, ou não fosse a minha também uma.
O tempo apaga os motivos e os contextos para dizer qualquer palavra, se eu tivesse coragem dizia que não quero nem vou guardar qualquer rancor, apenas o desejo que sejam felizes e que tal como eu possamos todos aprender com os passos do passado, para caminharmos melhor no futuro.
Este é o meu mais sincero desejo, se algum de vocês um dia ler isto.. quero imaginar-vos a sorrir.
Eu não sou tão forte como pareço as feridas deixam "pinturas de guerra que eu não vou apagar", mas afinal fazem parte do que eu sou e por isso é a sorrir também que estou.
Com a ajuda de Deus consigo ser feliz mesmo quando estou triste e nem imagino como seria a minha vida sem Ele, a oração é o maior conforto que posso ter e só com fé consigo chegar onde quero chegar.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

As relações e as ralações

Dou comigo a pensar, penso demasiado, relembro demasiado, mas ainda não descobri a forma mágica de o evitar.
Ao ouvir uma música de que gosto muito, lembro-me de um momento específico, em que ela tocou no radio, mesmo depois de um grande passo dado em falso e do que desejei nesse momento, da esperança que senti, mesmo sem muito acreditar nela, que era possível que ele nunca me deixasse ir, que no fundo era o que eu mais desejava mesmo sem o admitir.
Memórias... que talvez gostasse de apagar, mas não consigo, espero que pelo menos elas me ajudem a não cometer os mesmos erros do passado, mas não sei...
De repente reparo que a data dessa memória é próxima: faço algumas contas com a ajuda dos dedos e meu Deus 5 anos!!!! De repente, com as restantes memórias que invadem a minha mente, olho para trás (mais uma vez) e reparo que só fiz asneiras, que fiz muitas asneiras, das quais pouco se aproveita, nem sequer aprendi com elas, continuei a ir para becos sem saída, a cometer os mesmos erros do passado, a acreditar no que não tem credibilidade, a sonhar no vazio.
Destes 5 anos salvo apenas aqueles 3 meses em que um jovem homem me trouxe de volta à vida, mesmo sem o amar, e sem ele me amar a mim, não me lembro de ter sido tão feliz, e acabou bem,mesmo com algumas turbulências, afinal acabar nunca é fácil, mas acabou bem e consigo olhar para ele e sentir um carinho enorme e dá-me alegria vê-lo feliz com uma mulher que ama ao lado.
Às vezes precisamos de alguém assim só um bocadinho para nos fazer renascer, o problema é que há sempre o risco de alguém sair magoado.
Às vezes estamos tão em baixo que acabamos por só fazer asneira, a carência leva-nos por caminhos cheios de barreiras.
Quase sempre precisamos de amor e o amor é bom deverá correr tudo bem, mesmo quando corre mal.
Quase sempre precisamos de amor próprio antes de amar os outros. Por muito que seja uma sonhadora, que queira teimosamente acreditar na força do amor, quem ama por vezes também magoa, mesmo sem querer.
Em tempos, já muito distantes, escrevi uma carta a mim própria, para o meu futuro, para me lembrar da dor que sentia no momento em que a escrevia, sabendo que as probabilidades de o meu coração não querer ir por mais nenhum caminho eram fortes, de nada serviu, a carta continua lá, dobrada e marcada, de nada serviu eu fui pelo mesmo caminho, mais do que uma vez, ate´não dar mais. Como se não bastasse um fiz a mesma asneira com outra pessoa e vivi e sofri enrolada nas teias do passado.
Hoje escrevo para não me esquecer:
1 - Quem te enganou, mentiu, não foi autêntico, etc uma vez facilmente fará a segunda;
2 - As relações que acabam e terminam vezes sem conta, acabam sempre por terminar, apenas adiam o inevitável (claro há exceções, mas só conheço uma);
Já gostava de me voltar a apaixonar, mas ao mesmo tempo tenho um medo enorme, prefiro ficar bem sozinha, do que sofrer ou ser enganada. Talvez uma noite de loucura também não me fizesse mal, apesar de não ser o que quero, mas ate´disso tenho medo, tinha de ser alguém que eu nunca mais pusesse a vista em cima (risos).
Que eu nunca esqueça as ralações das relações ou lá o que eu tive no passado que ainda me atormenta o presente.
Amor próprio, amor próprio :)

quarta-feira, 19 de abril de 2017

As minis e o síndroma pré menstrual

Muitas mulheres falam do síndrome pré-menstrual, aquela altura do mês em que os dias chatos se aproximam, a barriga vai inchar, vai doer, uma vontade crescente de não fazer nada vai-se apoderar de nós, é quase como se estivéssemos doentes, a chocar alguma, e se calha a ser um mês em que os seios resolvem crescer e ficar intocáveis, sendo impossível dormir na posição preferida de barriga para baixo.... é o pior dos cenários. Ser mulher, 1x por mês é mesmo chato, quase por milagre temos durante uns dias o peito com que sempre sonhamos, mas dói que se farta e a falta de disposição para tudo nem nos deixa tirar proveito dessa situação!
Há muitos meses, felizmente, que isto me passa tudo ao lado, aqui, não sei bem porquê, entro numa depressão profunda e depois constato: é aquela altura do mês, que está mesmo aí a chegar.
Como se não bastassem aqueles 4 dias de sofrimento e desconforto, tinha que vir uma nuvem negra de má disposição a anuncia-lo. Vontade de não fazer nada, parece que tudo é aborrecido, mesmo as coisas que nos costumam dar prazer, apetece fazer tudo ao contrário, parece que a vida está contra nós, mas não, calma! É só o nosso corpo a preparar-se para receber uma vida nova e depois mandar tudo cá para fora, porque a vida afinal não chegou. Pensar a maternidade à luz do síndroma pré menstrual é assustador e dava direito a outro post. As hormonas femininas são como um poço sem fundo!
Hoje depois de uma grande luta, que já ontem também se desenrolou, lá consegui contrariar essa vontade de nada fazer, a tentação de me render a essa má disposição emocional e ficar agarrada a esse sofrimento `a espera que passe... consegui e pus-me a caminho, mesmo sem vontade nenhuma, quase que ainda fiquei pior por me estar a contrariar a mim própria.
Lá quis o universo que esse síndroma malandro ganhasse e o autocarro não apareceu, o seguinte, chegou com atraso, o trânsito estava um caos, resultado: tempo perdido para trás e para a frente sem nada fazer e no fim a má disposição é ainda maior.
Pelo meio uma sugestão milagrosa de ir ao encontro de uma mini portuguesa. Há mais de um mês que não bebo minis, que saudades de uma lambreta, nem me deu ainda para comprar vinho e beber um copo, não me lembrei simplesmente. De repente há toda uma energia que começa a circular em mim, a vida ganha outro encanto.
Depois de umas belas minis bem saboreadas, uns dedos de conversa à mistura, sim porque a mini sozinha não tinha o mesmo efeito, há novamente produção de endorfinas no meu corpo, o desporto e o chocolate não são os únicos produtores. Um dia que foi chato, frio, aborrecido, triste, sem nenhuma razão para o ser, transforma-se num dia fixe, alegre, que termina cheio de boa disposição.
Os "problemas", as dúvidas existenciais, os medos, tristezas que assombravam como uma tempestade enorme que se instala em nós, há afinal é só o síndroma pré-menstrual!
 Bebe uma mini que isso passa!

domingo, 19 de março de 2017

No Teu abraço eu vou ficar

Há dias felizes, há dias tristes, há dias assim assim, e sempre assim será. É normal sentir a saudade a começar a apertar, sabe tão bem ter um dia só para mim e fazer o que me apetece mesmo que seja não fazer nada, como sabe mal o silêncio de tudo o que está à minha volta.
Não sei porquê ou talvez saiba, é tudo e não é nada (a distância, as memórias que só me deixam frustrada e triste, a falta do sol, algumas pessoas fúteis do trabalho para as quais já não tenho muita paciência, o síndroma pre´e menstrual que nos deixa o astral lá mais em baixo, etc, etc), tenho-me sentido mais triste, tentei aguentar as lágrimas, mas já abri as portas para ver se elas saem todas de uma vez. Aquela senhora especial conhece-me e já percebeu pela minha cara que algo não estava bem, bolas, não sou tão boa actora como gostava. Mas está tudo bem, é a readaptação a uma vida diferente, é o voltar ao lugar de onde parti cheia de sonhos e super feliz pelo significado que a escolha dessa partida representava e voltar de mãos vazias, apenas com a frustração de um sonho que não foi mais do que isso, é isso, por vezes sinto-me nua, quase com vergonha de voltar a estar aqui. É estranho, mas eu já suspeitava que isto ia acontecer, e sei em que em breve tudo passa, reabituo-me, e sei que foi a melhor opção, lá só ia piorar, aqui vai ser mais fácil esquecer e ultrapassar, não a curto prazo, mas a longo prazo.
E tinha que passar por isto, não posso ignorar as memórias, para ultrapassar tenho que enfrentá-las, afinal de contas qual é o tratamento que não faz doer? Dói quando curamos e limpamos as feridas, mas só assim elas ficam boas e desaparecem sem deixar cicatriz.
Um dia eu vou voltar a ser eu, já estive mais longe, vou recuperar a confiança, a capacidade de acreditar e de sonhar, vou limpar o meu pequeno coração de tudo o que é mau e faz sofrer.
E só Aquele abraço me ajuda a consegui-lo. Quando estou triste rezo, entrego tudo nas mãos de Deus e de repente sinto-me melhor, mais compreendida, e Deus tal como Jesus com a samaritana, não é muito simpático em lembrar-nos da nossa situação que é só um resultado das escolhas que livremente fazemos (Vai chamar o teu marido mulher... não tenho marido respondeu ela...), mas para que possamos ver aquela luz tão desejada, para que possamos beber aquela água que tantos procuram e não encontram, que nos mata a sede e dá uma vida cheia, da verdadeira felicidade.
Só essa água me permite ser feliz mesmo nestes dias mais tristes. Soube bem voltar a ouvir a eucaristia em francês, continuo a admirar a alegria destas pessoas, como da primeira vez, são todos tão simpáticos e sorridentes, faz-nos sentir bem, acolhidos.
No Teu abraço eu quero sempre ficar, desde aqueles trilhos de pescadores, que corro ao Teu encontro, com estes meus pés que falham constantemente e hoje Te continuo a pedir para me guiares onde a confiança é sem fronteiras, para me perdoares de tudo o que de menos bom existe em mim e que pesa, que ajudes as pessoas que magoei a perdoarem-me, e para eu saiba manter acesa essa luz que apaga a noite em mim, e tenha coragem de a partilhar.
Obrigado por me abraçares Senhor, de tantas formas... sei que o melhor de mim está sempre para vir, porque caminhas a meu lado e nunca me abandonarás.

quarta-feira, 15 de março de 2017

O sub-consciente, as emoções e as memórias

Lista de ingredientes retirada do meu sub-consciente no último sonho em Portugal:
o homem 1 que já há muito devia ter saído de lá, as saudades (talvez) de me sentir amada assim, o toque, o olhar, as surpresas, o inesperado e o esperado, a paixão, os beijos, o carinho, tudo... como é possível eu ainda sonhar com isto!!!!
O homem 2 que também já devia ter ido e foi, o que não vai é a preocupação, a espécie de dor, de vê-lo com outra pessoa (no sonho era a terceira x que o via passar de carro com ela, mas ela, acho que só mesmo em sonhos, ou melhor em pesadelos, coitado, só rir, porque será que o meu sub-consciente foi buscar tal personagem para se juntar a ele?!, há humor lá bem no fundo de mim).
O carro o meu bem material maior, estava-se a partir todo (talvez o medo que isso aconteça) mas ao mesmo tempo eu estava nem aí, afinal de contas há coisas muito mais importantes na vida!
Fragmentos do antigo emprego, saudades das coisas boas, talvez o receio de ter feito uma má opção.
Curiosamente a terra dos sonhos não apareceu!!!Numa noite em que adormeci tão nervosa, mais do que da primeira vez que não conhecia nada do que me esperava, esse medo e receio não apareceu no meu sonho, talvez fosse supérfluo. As saudades também não, pelo menos de forma direta, mas a sensação de partir e deixar tudo para trás, a dor que isso causa estava lá, de uma forma pouco precisa e impossível de descrever.
As emoções de partir, a lágrima no canto do olho dentro do avião, o último abraço ao meu pai, com os olhos cheios de água como jamais vi, a força para manter as minhas lágrimas cá dentro, os beijinhos e abraços da minha mãe, o saber quanto apertadinho fica o seu coração, a voz dos meus sobrinhos cheia já de saudade antes do avião arrancar e o aperto e agonia daquela viagem que me deixaram má disposição durante muitas horas.
O sorriso no aeroporto, ver caras conhecidas à minha espera, ver e ouvir em francês, sentir-me cheia de energia e feliz para uma nova etapa.
Chegam as memórias quando chego a casa. À excepção da janela, que no ano passado era uma varanda e do andar que agora é no chão, o apartamento é igual, as memórias começam a surgir de muitos lados, e não vão parar, afinal de contas foram 2 meses e meio bem vividos aqui, mas super partilhados com o acolá. Ponho as mãos na cintura e enfrento-as como se enfrenta um touro, ou não fosse eu do Ribatejo.
As emoções de voltar a entrar na magia, de rever caras e receber abraços super apertados e eufóricos, o sorriso de algumas caras quando se cruzam com a minha e claro é impossível não parar de sorrir. Estou no melhor trabalho do mundo, com um pé dentro desta história e sabe mesmo bem estar aqui.
De vez em quando as memórias atraiçoam-me, também lá claro, agora nos breacks reina o silêncio, não há um receptor especial para receber os pedaços do meu dia hora a hora, não há um emissor especial para enviar pedaços do seu dia hora a hora. As memórias mais uma vez enfrentam-se e constroem-se outras novas e melhores.
Está na altura de guardar apenas os sapatos, esquecer o príncipe e aproveitar ao máximo a terra dos sonhos, onde posso ser quem eu sou: uma criança super feliz, mas cheia de saudades de casa.

domingo, 5 de março de 2017

Amigos de infância

Somos responsáveis por aqueles que cativamos, e quem nos cativa a nós permanecerá para sempre no nosso coração.
A amizade é um sentimento tão forte como o amor, a amizade tem o amor na origem da palavra. Há pessoas que aparecem nos nossos caminhos e de quem nos tornamos amigas e parece que desde sempre nos conhecemos, e é uma alegria quando tal acontece. Há pessoas que conhecemos desde sempre, com quem já vivemos e partilhamos tanto, nas mais diferentes fases da vida, com quem podemos estar anos sem falar e voltamos a falar e a estar como se esse intervalo de tempo nunca existisse. Há amizades e há os amigos de infância.
Sempre fui uma pessoa fechada, não sei porquê gosto de guardar tudo para mim, sou tímida e é difícil partilhar, sobretudo o mais íntimo do meu pequeno coração com quem me rodeia.Pode ser hereditário, o meu pai é igual, pode ser por não me sentir bem a "chatear" os outros com os meus problemas, pode ser pela dificuldade de falar, de me expor... sei lá.
Acho que por vezes também dou importância às aparências, ao que imagino que os outros sentem quando olham para mim, e gosto de manter a ideia de que sou uma pessoa super feliz, sempre a sorrir, sem problemas. E sou, não é tudo mentira, mesmo na minha tristeza sou feliz e isso é graças a Deus e à minha fé que dá forças para aceitar tudo com o sorriso, o bom e o mau.
Com o avançar da idade adulta fui perdendo o hábito de partilhar, de viver momentos com os amigos, de partilhar sobretudo as tristezas, pois as alegrias são fáceis de partilhar.
Experimentei vários momentos de solidão e cheguei a achar, quando sofri em silêncio pelos mais diversos motivos, que deixei os amigos pelo caminho, que me afastei e não havia volta a dar, que em adultos surgem outras ocupações e preocupações e já não há espaço para cultivar aquela amizade como fazíamos quando éramos mais novos, as vidas seguiram os seus rumos.
Foi preciso bater lá no fundo em desilusão e tristeza para perceber que os amigos estão sempre lá, que posso pedir ajuda e abraços, e nos últimos tempos dou comigo a partilhar e a abrir-me mais do que fiz nos últimos 20 anos, e dou comigo feliz porque tenho várias amigas de infância, percebo que ser desligada e fechada no meu mundo não me deixa feliz, mas pelos contrário aproveitar cada pedacinho com quem nos conhece desde sempre é motivo de alegria e faz-me feliz.
O tempo é sempre tão pouco, para as memórias, para as novidades, para as partilhas.
Umas mais próximas,outras mais afastadas, mas a verdade é que as amigas de infância estão sempre lá, não há tempo que quebre a cumplicidade que as vivências do passado geraram; não há tempo nem km que quebrem os laços entrelaçados desde a mais tenra idade, quando somos mais sinceras e cruéis umas com as outras(chamamos nomes) ; quando brigamos mais e perdoamos tudo(chegámos a ser violentas e tudo, mesmo sendo raparigas); quando partilhamos tudo o que somos e o que temos......
E sinto-me grata, pelas amizades que começaram na infância, sinto-me grata pelos momentos longe ou perto que a vida nos proporciona, sinto-me grata por existir faceboock e os 1800km que me irão separar em breve nada valem, perante um click.
Obrigado por serem quem são :) realmente dou comigo a pensar: "tivemos uma infância feliz e uma adolescência com direito a tudo" e é com um grande sorriso que olho para o passado e vejo que fazem parte do tudo o que sou.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

wish upon a star

Só queria conseguir esquecer...
Se pelo menos o meu pensamento conseguisse ser indiferente como é o meu corpo..... e naqueles instantes, naqueles momentos todos os meus movimentos agem de forma contrária ao pensamento.
Queria ter coragem para ser melhor, mas limito-me a pedir perdão porque não consigo ser melhor.
Talvez um dia consiga, por agora é mais fácil fugir, ignorar, representar, não querer saber, já que não consigo esquecer.
Há estrada para andar e o caminho é para frente, e se não houver estrada há sempre trilhos e se não houver trilhos há a possibilidade de corta-mato, mas o caminho é sempre para a frente, disso eu não me quero esquecer.
Há e terá sempre que existir amor próprio, temos que ser as primeiras pessoas a gostar de nós, em conta peso e medida para não ficarmos demasiado centrados em nós.
O amor próprio tem que nos proteger do amor que já nos magoou, das situações que já nos fizeram chorar.
E depois há a família, às vezes não partilham da nossa felicidade, parece que não aprovam as nossas opções e isso deixa-nos tristes e às vezes eles vêem apenas muito mais à frente, conseguem sentir o perigo que a nossa cegueira não permite ver e depois quando a tempestade passa e olhamos para a destruição que deixou pensamos"afinal ela sempre soube, a intuição materna por vezes é cruelmente verdadeira, sentiu que aquele caminho talvez me fizesse infeliz e acertou". Agora continua, por vezes as mães percebem-nos melhor que nós próprios, mas eu vou sempre escolher o meu caminho, pois os pais, a família, os amigos, podem evitar e prevenir muitas quedas, mas devem deixar os filhos cair. Cair faz crescer.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Consulta de psicologia

Sinto-me desmotivada e inerte perante a vida, mas ao mesmo tempo feliz e grata pela vida que tenho. Tenho ainda dificuldade em mandar embora o passado, a memória é traiçoeira e em nada me ajuda; sinto-me triste e doem ainda muito todas as desilusões do passado... é como se ficasse presa e é difícil libertar-me, vou vivendo o presente por arrasto e tenho medo de decidir sobre o futuro. É isso tenho medo! Medo de falhar, medo de tomar a opção errada e me arrepender, medo do tempo que não pára e já não tenho idade para me arrepender. Escolhi viver à deriva do destino e escolher o que a vida me der.... mas não resultou, a vida abriu-me os vários caminhos, ainda com as portas fechadas, mas prontas para se abrir, ou talvez estejam abertas e só saberei se fizer a opção por esse caminho.
GRRRRRRRRRRRRR.... é tão difícil escolher, cada vez que penso que vou optar por um caminho, todos os detalhes do caminho que não escolhi começam logo a fazer-me vacilar, a sentir um misto de medo, saudade e arrependimento....
Quase que fico desesperada, apetece-me fugir e não ir a lado nenhum, ao mesmo tempo que me apetece escolher só para sair desta agonia de indecisão e deste caminho incerto e à deriva que também não me deixa feliz.

- Se optar pelo caminho 1 tem medo de quê?

Já me mentalizei que não há um caminho perfeito, todos implicam saudades, ausências, nunca vou estar satisfeita e apesar de sabê-lo é do que tenho medo.
Tenho medo da solidão e da saudade, passar a jantar sozinha, não ter ninguém para contar como foi o meu dia (fisicamente), ao mesmo tempo sinto falta disso muitas vezes.
Tenho medo do corpo, de me estar a estragar, da bomba que pode explodir a qualquer altura dentro de mim, medo de ficar limitada e medo da dor.
Dantes tinha medo de estagnar, de me esquecer dos meus sonhos, de ver os anos a passar e de me acomodar. Não o poderei fazer por muito tempo e tenho fixar objectivos nem que sejam apenas financeiros. Os sonhos de dantes já não são os de hoje perdi a motivação, ou os sonhos mudaram, há sonhos que deixam de ser sonhos, é normal, certo?

- (Risos) sim, é importante sonhar, ter ambições, metas onde queremos chegar, sentidos para motivar o caminho no dia-a-dia, mas podemos actualiza-los.

Tenho medo de se um dia quando quiser voltar para o caminho 2 as portas que estão agora abertas estarem fechadas, ou outras que eu na altura quiser, medo de ser tarde, de nunca mais dar para voltar e me arrepender.
Tenho medo estar por de lado uma boa oportunidade que não me desagrada de todo, pelo contrário e que pode voltar a não aparecer.
Tenho medo das memórias que vou ter, pois da última vez tudo foi diferente, tudo tinha uma magia especial que agora arde numa ferida difícil de sarar, medo que essas memórias me façam mal, me deixem deprimida. É quase como voltar aos locais onde fui com ele, ou a alguma música que se ouviu...
Optar por este caminho representa a frustração e o arrependimento da opção anterior que fiz quando o deixei, dos sonhos que não se realizaram, do amor e da amizade que foi uma ilusão e uma desilusão.
Tenho medo de tudo o que vou perder, os momentos, os risos, o carinho, os abraços, as brincadeiras, as voltas de bicicleta, os cães, as lambretas baratas no verão, o sol, o campo, a proximidade distante do mar, etc, etc

- As portas abrem-se e fecham-se, por vezes fecha-se uma porta, abre-se uma janela. Tens pensar onde te sentes mais feliz, onde vais estar mais satisfeita, ou se há algum caminho onde a saudade seja mais suportável. Tens qualidades, experiência, as oportunidades de hoje não são as de amanhã, podem ser melhores ou piores, não se sabe, o que tens de saber é o que queres e lutar por isso, descobrir como lá chegar. Lembra-te do coaching para o exercício de que falaste: onde estás? onde queres chegar? o que tens de fazer para ir de onde estás até onde queres ir? Preocupas-te excessivamente com o futuro, tens medo do peso do passado, porque ficas demasiado presa ao passado e às memórias, pelo meio esqueces-te do presente!!!
No caminho 2 o que te assusta?

A saudade da alegria plena e descontraída do trabalho, a satisfação, o acordar alegre e motivada para o trabalho; a ausência de stress, de números para apresentar e cumprir, de objectivos para alcançar e o medo e frustração de não conseguir. Talvez devesse pensar em arranjar empregos sem números, mas eu também gosto desse desafio.
A tristeza e pena de não viver tudo aquilo que vejo diariamente nas redes sociais.
A falta de tempo livre para fazer muitas coisas que gosto, uma vida mais escrava do trabalho, não tão mau como os 12 anos de trabalho em gestão, mas é uma vida mais apressada e a correr.
O sentir-me sufocada e chamada pelo passado bem, pelas memórias felizes e fantásticas, sobretudo nos dias de mais stress e frustração.
Sei lá... tudo a minha cabeça está uma confusão.

- Já optaste por percorrer o caminho 1, para ver se a porta está aberta, mas não estás segura dessa escolha e estás ainda a olhar para a porta semi-aberta à tua frente do caminho 2, não queres bater para se abrir mais, porque já optaste pelo caminho 1, mas sentes medo da tentação que ela representa se ela se abrir mais, mesmo sem bateres, é isso?

Sim, porque estou num caminho incerto, posso chegar mais à frente e a porta afinal está fechada, mas o que também pode ser bom e levar-me a tentar entrar pelo portão, ou posso não entrar de forma nenhuma e depois nem o 1 nem o 2.

- Não penses tanto no futuro, pensa no presente qual a hipótese que te faz mais feliz e caminha para ela segura, visualiza o que queres e não o que tens medo. Lembra-te as portas abrem-se e fecham-se, quem sabe uma porta melhor ainda não se abrirá no caminho 2. Não tornes o futuro demasiado pesado, vive o presente e desprende-te do passado. Já percorrestes ambos os caminhos e fostes feliz e triste nos 2, já passou. Sonha mais e não recordes tanto, pode ser? Mas sonha sem medo, nos sonhos não temos medos, os medos vêm dos obstáculos, dos caminhos para tornar os sonhos realidade, mas são para viver e ultrapassar quando isso for presente e não futuro.
Mais segurança e tranquilidade a felicidade não foge.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

insatisfação e o aborrecimento

sempre me acompanham e mesmo assim sou feliz...
Coisas chatas de mim para mim...
Todos nós procuramos o happy ending, por vezes esquece mo-nos que não vale a pena ter um fim feliz se todo o caminho foi triste.
Desde miúda que sou "assombrada" pela verdade da frase escrita no meu nome "procura constantemente uma situação estável e aborrece-se mal a encontra" (aquelas que eu me aborreço e dava tudo para continuarem é que são sempre ilusão e desvanecem-se como uma nuvem de pó, mas hoje não quero escrever mais sobre isso).
Encontrei um emprego bem fixe, fazia -me sentir bem, aumentou o ego e deu para provar a mim própria que a massa cinzenta ainda é capaz de pensar, mas estava feliz por ser apenas um projecto com fim desde o inicio, se bem que ao mesmo tempo uma parte de mim queria que continuasse, acho que me estava a habituar à estabilidade aqui.
Não consigo parar de pesar na terra dos sonhos, mas também não sei se quero voltar, mas também não sei se quero ficar.
Abro o mail numa ténue esperança de ver lá um mail a chamar-me de volta a oferecer-me a oportunidade que eu recusei e cada vez me convenço mais que isso me fazia feliz. Mas já estou cá há algum tempo e sei que partir novamente é difícil e tenho medo de partir.
E se fosse assim tão simples, já tinha enviado eu o mail, mas o meu corpo alerta-me todos os dias que talvez não seja uma boa ideia.
A dor assusta-me, se dói há uma causa, eu sei que tenho uma bomba dentro de mim, e nem sempre faço o mais adequado para que ela não rebente, como se não chegasse as costas, agora já vai pelo braço, cada vez está pior e eu fico inerte em procurar uma solução com medo do que possa descobrir.
"Temos que saber ouvir o nosso corpo" sempre disse uma das melhores técnicas de exercício que conheço e eu saber ouvir sei, mas ultimamente não tenho gostado do que ouço.
Estava deserta para parar outra vez, quando estava a trabalhar, agora estou farta de estar parada, quase que me sinto mal porque me dá uma vontade enorme de não fazer nada de especial e viver assim uns dias. Por vezes penso "é a compensação por tantas horas de trabalho a mais no passado, relaxa e aproveita".
Sinto que é uma oportunidade para escolher e escolher bem e tenho medo de escolher. Tenho medo de me aborrecer mal faça a escolha.
O tempo não ajuda, o frio, os dias por vezes mais cinzentos deprimem-me, tiram-me a vontade.
Estou completamente à deriva e não gosto de me sentir assim, tudo me satisfaz e insatisfaz ao mesmo tempo. Sabe tão bem acordar e ter tempo e pensar, planear o que vou fazer hoje e ao mesmo tempo deprime-me. Fico tão contente como triste com um bom momento a apreciar a lua no meu terraço, a ver as estrelas, a sentir a paz e o conforto de "casa" a agradecer por tudo e a pensar em tudo e não chegar a conclusão nenhuma. Curiosamente nesse momento o telefone toca e acende-se uma luz para uma das possibilidades do meu futuro e no mesmo instante eu fico entusiasmada e triste. Percebo que não posso estar à deriva, o que aparece, as oportunidades são bem-vindas mas não tenho que aceitar tudo o que aparece, com medo que não apareça mais nada, tenho que ser eu a decidir, por mais que eu gostasse de deixar o futuro ao acaso do destino. Tenho que combater a minha inercia emocional, tenho encontrar forças para resgatar-me e descobrir como me libertar do mal e da dor que me causaram. Treinei tudo tão bem no verão: chamam-me para uma entrevista, de um anuncio muito interessante, e eu não posso ir, poder podia, mas estava a caminho das férias, tinha de alterar tudo por causa de uma entrevista, pensei "não, eu vou fazer a rota vicentina, tudo o resto virá a seguir" e voltam a chamar-me para a entrevista depois das férias, até foi bom, pois fui no último dia de entrevistas e fui logo seleccionada (há dias que correm muito bem), tinha medo da experiência não correr bem, pois além de ser um trabalho diferente de tudo o que já fiz, estava num estado emocional mau e tinha receio que isso influenciasse o meu desempenho. Foi o melhor que me podia ter acontecido, ocupei o tempo, ganhei experiência numa nova área que me abre mais possibilidades agora e o projecto correu muito bem, cumpri objectivos, tive bons feedbacks, subi um bocadinho o ego, é como ir a um exame e ter boa nota.
É isso que tenho de me lembrar, eu escolho, eu posso optar por chorar perante a dor ou aceitá-la e continuar.
Nadar agora doí, literalmente, e dá-me vontade de chorar, assusta-me pensar que posso deixar de conseguir nadar, que posso continuar a nadar mas jamais com aquela garra e velocidade de outros tempos e isso é também uma analogia para todo o meu caminho, descrita neste blog, todo ele à volta do mar, mas tal como ontem na piscina, parei, pensei, desisto, as lágrimas apareceram e no mesmo instante pensei, não choro, vou ouvir bem os sinais e vou parar se for preciso, não vou desistir nem chorar. Braçada a braçada lá consegui levar o treino até ao fim, mas senti que não fez muito bem, às vezes é mesmo preciso parar para não fazer asneira.