terça-feira, 27 de dezembro de 2016

vida

é tão energica como fogaz; é tão alegre como triste; é tão longa como curta....
As marcas que deixamos nos outros, haverá sempre as boas e as más, felizmente existem aquelas pessoas que só deixam boas lembranças.
às vezes gostava de não crescer, ficar para sempre criança como o Peter, não sofria o que os adultos sofrem, as probabilidades de ver as pessoas partirem e deixarem a saudade eram menores, não tinha responsabilidades e sorria e brincava livremente de uma forma pura e natural..., as mágoas que os outros causam em nós, as feridas que nos fazem, curariam tão rapidamente, porque as crianças esquecem mais facilmente.
A inocência de criança é fácil de manter, basta crermos, para tudo nesta vida basta acreditar e ter confiança.... parece simples mas é tão, tão complicado.
Os anos passam e vou assistindo a vida a desenrolar, os amigos a casarem , os filhos a nascerem e os pais a partirem, na vida nem tudo é bom e um dia chega a hora do adeus, por vezes dizemos adeus a pessoas que continuam vivas mas que para nos morreram de alguma forma ou mataram a nossa existência na vida delas, por outras dizemos um adeus talvez final e ficamos com as marcas e as boas lembranças e se for bom e nos fizer sorrir ou chorar de saudade porque foi bom, então foi bom, essa pessoa fez um bom caminho, travou o bom combate e deixou saudade e sorrisos espelhados nessa saudade.
Hoje viajei no tempo, às memórias da criança que tinha um respeito enorme pelo pai da melhor amiga, quase pincelado de medo, porque era aquela pessoa que nos ensinava e obrigava a ser cortês e educado, a treinar as regras da etiqueta à mesa para correr tudo bem no jantar de anos, a entrar no carro, a saber estar, de um modo geral.
O medo deu lugar à amizade e viajo até à adolescente cheia de sonhos, com algumas limitações e ao pai da melhor amiga que arranjou forma de os concretizar, das mais diversas formas; às brincadeiras, à educação musical, às vezes que tive quase forçada que dançar com ele, porque adorava música, às lições de vida, a todo o apoio e carinho sempre presente, à vida seriamente alegre, que nos acompanhou e viu crescer....
É triste vermos as pessoas que gostamos a perder a vitalidade, a perder a memória, a perderem a pouco e pouco o que são, mas em nós fica sempre a melhor lembrança, no mundo ficam os filhos e os amigos tocados por ele, creio que deixamos pedacinhos de nós espalhamos nos outros e esse acredito ser o verdadeiro sentido desta vida: amar os outros, viver uma vida de amor, pois tudo o resto não importa e no fim quando partirmos, se deixarmos muita saudade é sinal que cumprimos a nossa missão.
Mesmo sem o ver há alguns anos, as marcas em mim são muitas e boas e é com carinho e gratidão que sorrio por ter tido alguém assim a pincelar a minha vida.
Nós somos uma tela, onde nos próprios nos pintamos, mas o mundo e os outros à nossa volta também são artistas em nós.
Nessa tela fica pintada um pedacinho das vidas de todos os que se cruzam no nosso caminho.

domingo, 4 de dezembro de 2016

A familia e os amigos

A minha curta experiência de emigrante conduz-me a saborear sempre com mais vontade todos os momentos em família, é como se quisesse aproveitar ao máximo aquele singelo e simples sorriso abraço, palhaçada.~
Este ano não tenho de ir embora e sabe bem ficar, apesar das saudades muitas que sinto daquele outro mundo onde eu era feliz.
Ninguém gosta de nós como eles, por vezes discutimos, mas na certeza de que eles querem o melhor para mim e às vezes se eu desse ouvidos ou ouvisse o que não gosto de ouvir e seguisse os conselhos que não gosto de receber, evitava quem sabe algumas lágrimas... mas isso é passado.
Hoje estou feliz pela família que tenho, por estar perto.
Hoje estou feliz porque a tristeza e as quedas por um lado colocaram pelo menos 1 pessoa fantástica na minha vida, daquela que mesmo longe esforçam-se para que saia um sorriso, por outro aproximaram-me dos amigos, percebi que sozinha não ia a lado nenhum, precisei de ajuda e não é vergonha dizer, precisei de ombros para chorar e foi bom te-los e senti-los a chorar comigo; precisei de ouvidos para escutar e foi bom tê-los sem qualquer repreensão ou comentário, mas apenas com a função que um ouvido deve ter: escutar.
O tempo passa e as amizades parecem que ficam superficiais, mas não, está sempre tudo lá, basta a coragem de abrir uma porta, de chamar, de pedir, de falar.
E felizmente tive os amigos, para escutar, chorar, rir, partilhar o bom e e mau, para me ampararem nas quedas, apenas com comentários encorajadores, sem julgamentos.
E felizmente eu tive a coragem de ser e de me partilhar com eles, de não guardar tudo para mim, de partilhar também o mau e não apenas o bom, pois afinal na vida nem tudo é cor-de-rosa.
Tem sido um longo, mas feliz caminho, a caminho de uma melhor versão de mim. As quedas, as desilusões, as feridas, as frustrações, as dificuldades, os desafios, só nos podem tornar mais fortes e afinal têm frutos bons, trazem laços mais fortes com quem nos ama, e simplesmente é, sem máscaras, defeituosamente simples.
Hoje mais do que nunca sinto-me grata por isso e o meu maior desejo é ser, deixar marcas boas que fazem sorrir, amar os que me rodeiam com as minhas limitações e defeitos, amar os que não me rodeiam, porque sim.
E ao Deus que sempre me acompanha, apesar da minha fé pequenina eu peço a graça de um coração puro e simples, a graça de confiar sem medo, a graça de uma vida cheia de tudo o que é bom e faz sorrir.

domingo, 9 de outubro de 2016

A ilusão do Zahir

E todas as ilusões que a ficção nos pode criar... mas é bom sonhar, é bom acreditar, sobretudo que o céu é sempre azul, mesmo que por vezes  o cinzento das nuvens nos faça desacreditar ou esquecer.
"Portanto mesmo sendo difícil, tenho de aceitar as pequenas bênçãos de hoje, que me parecem maldições e o dia está lindo, o sol brilha, as crianças cantam na rua. Só assim conseguirei sair da minha dor e reconstruir a minha vida."
É bom trabalhar o intelectual, o espiritual, afinal de contas é o que é eterno, o físico um dia deixará de existir, será cinza ou alimento para a terra, e a tendência é trabalhar muito mais um "corpo que temos que devolver" do que a mente ou espiritual.
Um dia li, na expectativa de descoberta, de tentar perceber o caminho que alguém muito querido fazia em busca ou ao reencontro da mulher que amava. Sofria como as personagens que se cruzam no caminho entre os dois, mas aceitava e incentivava e torcia e rezava para a jornada corresse bem, para não acontecer o que eu desejava, mas o que o fazia mais feliz.
Iludida pelo sonho de ter um amor que volta, não é que ele voltou, inesperadamente, mas sem qualquer caminho percorrido, não o fazia melhor que antes, nem sequer mais apaixonado, no fundo nem sei porque voltou, foi só para me prender de novo e com ele os sonhos.... se ao início eu tinha receio e dúvidas em abrir a porta, depois queria mantê-la aberta, sabendo que ela já estava há muito fechada... uma esperança estúpida e cega que não morre.
Achava que era o meu amor que tinha voltado para mim mesmo sem eu o ter chamado... e lutei 2 anos para o cativar a ficar, para o cativar apenas, até que tive de partir, quando chegou a hora, quando não foi mais possível ficar, quando o universo me abriu uma porta para me ajudar.
Ironia do universo e volta tudo a acontecer outra vês, fui novamente a personagem que se cruza no caminho entre os dois, o Zahir mudou, mas isso é só um pequeno detalhe. Sou o amuleto ou a bengala que dá geito agarrar, quando o caminho fica muito pesado. Da segunda vez só o universo sabia, mas a busca era em silêncio.
Até do meu amor fui uma bengala, enquanto pensava que ele tinha voltado... não ele ia também em busca do seu Zahir, fez um desvio porque precisava da bengala.
As bengalas são apenas apoios temporários, não queremos caminhar sempre com elas, só quando precisamos, usamos e deixamos. E elas ficam com as marcas do caminho, umas vezes mais gastas outras ainda com muito para dar.
"E no final de contas, como diz um sábio persa, o amor é uma doença" da qual eu me quero livrar, fui atacada e procuro restabelecer-me, sofro e por isso desejo ser curada.
Não quero mais Zahir, o Zahir é doentio, eu quero amor simples e natural, o zahir que sonho agora é o caminho de volta para mim própria e para Deus, na esperança de um dia voltar... a amar e a ser.

domingo, 2 de outubro de 2016

O que tenho cá dentro...

O desejo e o esforço diário de aceitar e sorrir...
O sonho de me soltar, de me limpar desta lama que prende e me impede de avançar...
A escuridão que molda o medo à minha volta, passo a passo, por vezes a retroceder, tropeçar, ir a baixo e voltar a levantar, a luz vai piscando, ela está lá eu é que ainda não cheguei....
O sonho de conseguir olhar para lá das ondas.... onde a confiança é sem fronteiras....
O voto de que jamais alguém lhe faça o que ele me fez, que o sim seja sim e o não seja não;
O desejo de não voltar a ter mais fantasmas no meu caminho, a vontade de um dia voltar a sonhar a dois, com alguém que valha a pena, basta que seja sincero, genuíno e verdadeiro....
O desejo que o primeiro passo seja para continuar e não para enganar e parar....
O desejo de partir, a vontade de ficar...
A saudade... a tristeza... a alegria... a mágoa....a dor...o sonho

....

Um dia eu vou voltar a ser eu....

sábado, 20 de agosto de 2016

A caminho do pôr do sol de Odeceixe

Primeiro procurei paz, acalmar-me, sentir e pedir ao meu corpo para voltar à normalidade.
Não foi fácil ao início depois dos reencontros temidos e inesperados.
Precisei de me reencontrar. Precisei de me compreender.
Apercebi-me tinha o coração cheio de raiva, ódio, mágoa, sentimentos maus que não levam a bom porto. Qual o caminho para os apagar?
As pessoas com quem vou falando confortam-me.
Vou começando a perceber e a ver onde quero estar. Não me posso deixar vencer pela mágoa, ela dói, nós curamos e avançamos.
Começo cada vez mais a ver a luz do sol ao fundo da escuridão que está à minha volta. A mensagem, inesperada mas tão adequada, da pessoa mais próxima de Deus que conheço, fez-me perceber que Deus jamais me falhará. Envia-me anjos de todas as formas, que guiam à varanda do mar, que me fazem ver que o caminho é Cristo e Cristo é amor.
Olho para trás e dou graças pelo que passou, por todo este caminho percorrido, pela coragem, pelo desafio. E vejo algumas asneiras que fiz, coisas escritas no auge da mágoa, devia ter pensado primeiro: "Como é que Deus faria?"
Apercebo-me que tenho um longo caminho a percorrer. Sei como me quero sentir, mas existem detalhes, arestas ainda por limar.
Oxalá eu consiga "olhar para lá das ondas", confiar e ter fé para "mesmo sem ver acreditar".
Oxalá tudo volte à normalidade.
Oxalá a perda me faça bem e torne-me mais forte este caminho, mais parecida e próxima com Ele, depois das asneiras que também fiz ou disse.
Não quero ficar presa no passado, no que deixei de ter com ele, nos sonhos que sonhamos e não aconteceram. Não quero sobretudo ficar presa na esperança.
Quero mentalizar-me que foi o fim, que não posso permitir que o meu pensamento e o meu coração sonhem com qualquer coisa em contrário. Foi o fim de um e o princípio de qualquer outro caminho.
Quero continuar feliz como já era antes, afinal tudo isto é passageiro, nós somos passageiros e a vida também passa num instante.
Quero sonhar e viver bem, sentir-me bem.
Quero ser eu, autêntica, quero falar, partilhar e não guardar tudo para mim, porque sim a solidão é assustadora, preciso do carinho e dos ombros dos amigos, até mesmo das palavras. Afinal os amigos estão sempre lá, eu é que me esqueço deles e têm sido o meu suporte.

Quero viver cada dia e cada hora que Deus me der a graça de viver com um coração simples e puro.
Agora quero ver o pôr do sol que já se adivinha maravilhoso.
Jamais me esquecerei desta luz e vou esforçar-me para que não se apague.

Um dia vou ser uma vencedora

"Um guerreiro da luz, antes de entrar num combate importante, pergunta a si mesmo: "Até que ponto desenvolvi esta competência?"

Ele sabe que as batalhas que travou no passado acabaram sempre por lhe ensinar alguma coisa. Entretanto, muitos destes ensinamentos fizeram o guerreiro sofrer para além do necessário. Mais de uma vez, ele perdeu o seu tempo a lutar por uma mentira. E sofreu por causa de pessoas que não estavam à altura do seu amor.

Os vencedores não repetem o mesmo erro. Por isso, o guerreiro só arrisca o seu coração por algo que valha a pena.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Como é possível sermos enganados assim?

Como é possível acharmos que gostamos muito de alguém, fazermos o outro acreditar nesses sentimentos que afinal não existem e não passam de ilusões ou alucinações? Como é possível?
Não sei e espero nunca saber. Um dia também eu vou deixar de procurar o sentido, um dia também o meu pensamento vai esquecer; um dia a razão vai convencer o coração... até esse dia chegar, resta-me esperar que o tempo passe, esse tic tac que sempre conspira a nosso favor e oxalá pelo caminho eu me consiga lembrar que a vida continua e não pára, parará a qualquer instante e por isso há que vivê-la e saboreá-la. Tem sido difícil mas tudo é possível, até vivermos um amor de mentira e convencer a outra pessoa do que não existe; mostrar uma ponta do iceberg que é falsa e em nada corresponde à realidade... por isso também é possível que eu me levante.
Quantas vezes mais o meu coração aguentará ser dilacerado assim? Não sei.. desta vez até eu pensava que era mais forte e tudo me fugiu debaixo dos pés.
Eu vou sobreviver, eu um dia vou voltar a acreditar, mesmo que seja novamente invadida pelo medo, um dia quando voltarem a abraçar-me e a dizer que vai dar certo, que querem que dê certo e que gostam de mim, um dia vai ser verdade, um dia alguém vai respeitar-me e ser sincero e ser ele próprio e se tiver que partir que não seja assim, que seja em consonância e consistência com tudo o que se viveu, com sinceridade, sobretudo com sinceridade e honestidade. Essas coisas acabadas em "ade" que são tão complicadas de fazer!
Às vezes ainda acordo a meio da noite ou a meio do dia e parece um pesadelo mau, às vezes ainda tenho dificuldade em acreditar que tudo isto aconteceu, apesar de todo o cuidado em cada passo dado.
Mas quem sou eu para condenar seja o que for?! É tão fácil apontarmos os dedos aos erros dos outros. E no mesmo instante erramos, em pensamentos, em palavras e talvez em acções.
Mas magoa, dói que se farta, uma ferida aberta tantas vezes já mal curada, baralha, confunde, deixa-me perdida, desmotivada.
Dói a ilusão em que nos fizeram acreditar, dói a forma como nos abandonam, dói a falta de honestidade que anula e desrespeita tudo o que se construiu, não ao longo de 2 ou 3 meses, mas ao longo de anos.
Podemos deixar de gostar, sim é normal; podemos até iludir mo-nos com algo distante e surreal, que depois na realidade percebemos que não é bem assim, talvez possamos sim, mas não erradicamos uma pessoa das nossas vidas, uma pessoa supostamente importante, que sempre esteve lá, em duas semanas. Custa a explicar, imagino que custe; custa a falar, imagino que custe, o mais fácil é desaparecer sem deixar rasto e silenciar para que também essa pessoa se canse e desapareça. O respeito, a autenticidade, a sinceridade outrora apregoadas, não passaram de um capricho, pois essa pessoa, dias antes tão importante, não mereceu sequer o respeito de saber a verdade. Afinal sempre o que viu talvez não correspondesse à verdade, a essência e o ser que se via, talvez não fosse real, tal como não era o sentimento.
A vida é mesmo assim, as pessoas desiludem-nos, deixam-nos tristes, cabe-nos a nós aceitar e seguir caminho.
Qual a lição que eu ainda terei de aprender? Não sei bem, talvez que não valha a pena insistir e lutar por alguém que já nos fez sofrer uma vez. Afinal o que explica que voltemos para alguém que já nos magoou ou usou, mesmo que de forma inocente e não intencional?
Não sei. Uma vez disseram-me que não era amor era carência, eu não acreditei, apaixonada e romântica como sou achei sempre era amor, e era romântico e épico lutar com esperança num amor que achava existir e no qual acreditava. Hoje com a distância do tempo, olho para trás e vejo que essa pessoa tinha razão. Era pura carência, carência sexual e de atenção e carinho de um corpo que sempre foi tão meu, onde eu me sentia eu, onde eu era sem qualquer problema em ser e não conseguia abdicar daquilo, não conseguia deixar, não me realizava nem deixava feliz, a não ser naqueles 11 minutos repetidos vezes sem conta, mas a carência não me deixava partir, embora eu achasse que era amor. Por vezes tento convencer-me, para evitar a dor de ter investido dois anos da minha vida, que valeu a pena pelos momentos bons. Não valeu nada a pena, além dos orgasmos múltiplos, em nada me fez crescer. E os orgasmos são apenas uma necessidade da carne, não do espírito, se posso viver sem eles, posso, porque agora o espírito é mais forte que a carne.
Há gavetas que se devem fechar para sempre, que não valem a pena ser abertas, podemos ter um cheirinho a felicidade, mas depois não passa disso, tudo o resto faz com que não valha a pena, nem mesmo os bons momentos, pois provavelmente fechamo-nos a outros amores, ficamos cegos e viciados.
Escrevo para me lembrar, para me lembrar de partir, de nunca mais voltar  atrás, de perder a esperança, porque há esperanças que são como maldições, prendem-nos ao passado e impedem-nos de viver o presente e sonhar com o futuro.
A amizade talvez volte, quero acreditar que sim, ela tem sempre lugar e espaço, não é incompatível com nada, muito menos com o amor. Se não voltar, só vai tornar a desilusão ainda maior, mas quero acreditar que há pessoas que valem a pena, há tempo e momentos investidos, vivências, partilhas e experiências que criaram laços mais fortes que as intrigas, os medos, os ciúmes, os erros, as más acções ou as más palavras, ou mesmo a falta de coragem para quebrar o silêncio.
Que toda minha dor e sofrimento sejam em prol de duas vidas felizes, pelo menos não são em vão.
Resta-me continuar e olhar bem à volta para ver os escolhos e evitar os trambolhões. Resta-me acreditar que Ele me vai levar onde a confiança é sem fronteiras, para lá do que é mais profundo.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O FIM

De manhã, senti-me absolutamente medonha. Não tinha dormido bem. A ansiedade parecia aumentar a violência do martelar na minha cabeça(...)
A sua expressão continuava estranha. Havia algo no fundo do seu olhar que eu não sabia bem o que era e isso assustava-me. Não quis falar na noite anterior, mas não tinha a certeza se continuar a evitar o assunto seria ainda pior.
Vem dar um passeio comigo - sugeriu com uma voz calma.
Não respondi. Aquela situação não me agradava. «Isto está mau, muito mau» repetia uma voz dentro da minha cabeça vezes sem conta.
Era o que eu queria, relembrei a mim mesma. Uma oportunidade para conversar sobre tudo. Então porque é que o pânico me sufocava?(...)
- Nós vamo-nos embora!(...) O meu mundo não é para ti - respondeu-me melancolicamente.
- Tu prometeste! Tu prometeste que ficarias...
- Não quero que venhas comigo-e proferiu tais palavras lentamente e com precisão, de olhos pregados no meu rosto, vendo-me entender o que ele na verdade queria dizer.
- Tu...não... me ... queres?
- Não.
Fixei-lhe os olhos, sem compreender. Retribuiu-me o olhar sem sinais de desculpa. Os seus olhos eram como topázio: duros, límpidos e muito profundos. Sentia que diante deles, a minha vista alcançava infinitas extensões. Porém em nenhuma parte das suas intermináveis profundezas via algo que contrariasse a palavra que ele acabara de articular.
- Bem, então isso muda tudo. -Fiquei surpreendida com a calma e moderação que se apoderaram da minha voz. Devia ser por estar tão abatida. Não conseguia entender o que dizia, continuava a não fazer qualquer sentido.
-É claro que sempre te amarei... de certo modo.Estou farto de fingir ser algo que não sou, deixei que se arrastasse muito tempo e peço desculpa por isso.
- Não. - A minha voz, não passava de um sussurro, tomava consciência da realidade que percorria como ácido as minhas veias. - Não faças isso.
Limitou-se a fixar-me e eu vi nos seus olhos que as minhas palavras tinham chegado tarde demais.Ele já o fizera.(...)
Todo o meu corpo ficou entorpecido. Não sentia nada abaixo do pescoço. Os meus joelhos devem ter começado a tremer, pois de repente parecia que as árvores abanavam. Escutava o sangue correr mais depressa que o normal.
- Não te preocupes, o tempo cura todas as feridas.
- E as tuas recordações?- perguntei.
Deu um passo, afastando-se de mim.
- Tenho de ir.
Tentei respirar normalmente. Tinha de me concentrar, de encontrar uma forma de sair daquele pesadelo..
- Adeus. - disse ele com a mesma voz calma e serena.
-Espera! - consegui pronunciá-lo com muito esforço tentando alcançá-lo.
Inclinou-se e, por um brevíssimo instante, encostou levemente os lábios à minha testa.
- Cuida-te! - suspirou.
E desapareceu.
O amor, a vida, o sentido... tudo terminado.
Caminhei. O tempo não tinha qualquer lógica. (...)
O som do seu nome soltou tudo aquilo que destroçava o meu interior- uma dor que me deixava sem fôlego e cuja violência me surpreendia.
- Não consigo falar mais sobre isto, pai, quero ir para o meu quarto.
Senti o soalho liso debaixo dos joelhos, depois sob as palmas das mãos e, por fim, senti-o encostado à pele do rosto. Esperava desmaiar, mas, para a minha desilusão, não perdi os sentidos. As ondas de dor que, anteriormente, me tinham apenas tocado ao de leve elevavam-se agora bem alto, precipitando-se sobre a minha cabeça e empurrando-me para o fundo.
Não voltei à tona."



sábado, 16 de julho de 2016

Morri afogada

Cheguei à praia desejada mas morri afogada!!!!
Tanto tempo a sonhar, a imaginar como seria apanhar aquela onda, remar naquela maré, contrariar alguma corrente que pudesse aparecer, muitas vezes a não acreditar mais que algum dia conseguiria chegar à praia, para depois morrer afogada!!
Óh sorte malvada, vida má, pedras que me fazem tropeçar e agora ainda pesam como chumbo nos meus bolsos enquanto sinto a água  a passar por mim..
A morte é mesmo assim, lenta... a água vai invadindo cada pedacinho do meu corpo, já não consigo respirar, "sinto-me enrolada pela força do mar, ondas revoltadas quebram-se com violência", sou obrigada a desistir, só por uns instantes, deixo-me à deriva, pois já não sei nadar, quero mexer o braço e não consigo, sinto-me anulada, bloqueada, mesmo assim tudo parou neste oceano, sem me mexer sinto que sou a única em movimento...
Reconheço esta sensação, desta x é a sério, estou mesmo a afogar-me, reabriu-se o buraco no peito, agora cheio de água, não vou dar mais luta, vou deixar-me ir...pode ser que o oceano me leve a um abrigo seguro.
Fico só eu com Deus, Ele jamais me abandona, tudo cria e faz-me ver que só o Amor importa, e eu amo estas águas que me sufocam e levam à morte assim como amei cada braçada que dei...
Quando o pensamento se apagar, chego à terra dos sonhos, vou devolver o meu à Natura, ela vai ficar surpreendida, vai-me fazer perguntas, e eu vou ficar chateada, vou responder mal, ou vou dizer a verdade que ela sempre quis saber... nada importa estou-me a afogar... vou só lá devolver o sonho, e quando passar pela cascata mágica, onde olhamos e podemos ser o que quisermos, eu esta noite quero voltar a ser a ninocas...
Amanhã talvez acorde, talvez consiga voltar ao rio e recomeçar... hoje morri afogada :(

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Tranquilidade

Tranquila, está quieta, descontrai, relaxa e sorri :) estás a caminhar como tinha de ser caminhado, estás a fazer o que o teu pequeno coração te pediu, mesmo sabendo, temendo, tudo o que há para temer.
Sorri, não podia ser de outra forma, não podia ser de outra maneira, "sorrir sai mais barato", mesmo não querendo voltar a jogar à cabra-cega...
Vai correr tudo bem :) pensamento positivo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Dividida

"procura constantemente uma situação estável e aborrece-se mal a encontra" nunca mais esqueci esta frase de um quadro que me ofereceram em criança com a explicação do meu nome!!! Talvez porque sempre achei que se adequa na perfeição! Sou muito determinada, sei o que quero, ou o que não quero, o que gosto e o que não gosto, mas ando constantemente indecisa, talvez porque goste de muitas coisas e seja uma pessoa de muitas paixões.
Com a minha idade é suposto (ou é-nos imposta essa ideia) que devíamos estar estáveis, ter a vida orientada, para deixar descendência, ou arranjar quem cuide de nós na velhice, e continuar a viver este caminho feliz, mas por vezes tramado que é a vida.
E eu admito já sinto falta dessa estabilidade.
Gostava de ter o meu espaço a minha casa, mas na verdade gosto muito da casa dos meus pais que também considero muito minha (já morei em várias casas ou quartos alugados e só aqui sinto que é o meu espaço), sair daqui, só para me juntar com a minha alma gémea, se algum dia nos encontrarmos.
Gostava de me fixar, não andar para cá e para lá com a casa às costas. Gostava de ficar, mas também gosto de lá estar e cá dificilmente encontrarei um emprego que me dê a satisfação que o de lá me dá.
Sinto inveja dos jovens casais, das rotinas que têm com os filhos, do facto de terem uma vida a dois, de estarem a caminhar acompanhados. Vejo os anos a passar e a minha vida é vivida ao contrário. Nos anos 20 quando deveria ter feito mais experiências, cheguei a ter uma casa, tive um emprego fixo e relativamente estável durante quase 8 anos, fixei-me num lugar, cruzei-me no caminho com potenciais almas gémeas, mas nada aconteceu. Construí pouco, caminhei muitas vezes sem sentido... nos anos 30 ando para cá e para lá, descubro um emprego que me satisfaz muito e para o qual não precisava ter estudado tudo o que estudei (mais valia ter aprendido a dançar), mas na altura queria coisas diferentes, se bem que um dia toda essa experiência e bagagem vão dar ter a sua utilidade e tudo vai fazer sentido, aliás são as experiências do passado que conduzem às do futuro e todas tiveram a sua importância.
Neste momento em que me mentalizo para se decidir por mais uma partida, que não tem de ser definitiva, mas sinto que tenho de pensar bem no que quero e onde quero estar... fico dividida, quero ir, mas queria ficar.
Sei o que me causa todo este desconforto, ansiedade, dúvida e instabilidade, mas mesmo assim tenho dúvidas e pouca coragem para dar algum passo em frente.
Sei que se caminhasses a meu lado, tudo tinha uma cor diferente, o mundo nunca mais ia ser o mesmo, o lugar não tinha mais importância, a divisão não tinha mais motivos para existir, pois o meu caminho com o teu passava a ser o nosso e nada me deixaria mais feliz :) .... a sonhar acordada

sábado, 23 de janeiro de 2016

Medo de arriscar

Um medo que vem não sei de onde, quem me impede, me atrofia, me corta a voz e o movimento, me afasta o sonho. às vezes fico a sonhar e sonho apenas, à espera que tudo aconteça como que por magia, esqueço-me que tenho de fazer a minha parte... na realidade não me esqueço, mas acho muito difícil e algo impossível para mim, atrofio de uma tal maneira e dificilmente serei capaz...
Sempre fui tímida, desde os tempos de liceu em que sabia as respostas mas esse mesmo medo estúpido bloqueava-me a voz e impedia-me de ser participativa nas aulas, cheguei mesmo a ser prejudicada por isso nas notas. Nas relações com os outros acontece-me o mesmo, tenho sempre receio de tomar qualquer iniciativa, salvo quando já tenho um grande à vontade com alguém. Não sei se tenho medo do não, da rejeição, talvez, mas existem coisas para as quais me falta e faltará sempre a coragem.
Felizmente e ao mesmo tempo curiosamente, sempre tive trabalhos que me forçaram a ser o contrário de tudo isto. Estar em contacto direto com pessoas, muitas pessoas, ser responsável, dar a cara nas reclamações, ter pulso forte para gerir e orientar equipas, muitas vezes problemáticas, dar aulas de fitness, ser extrovertida e vender, vender, ir para a rua atrás dos clientes.... e este medo prejudicou-me muitas vezes, causou insucessos, mas pouco a pouco fui melhorando nas coisas gerais.
Já no que toca às relações com o sexo oposto, cada vez estou pior, o medo é cada vez maior. Talvez de todas as mágoas e rejeições do passado tenha aperfeiçoado esta fobia, e das poucas vezes que arrisquei ter levado um banho de água fria.
Talvez algumas oportunidades se percam, ficam pelo caminho, quando eu não tenho a coragem de meter conversa, de fazer as perguntas banais sobre as coisas banais que senti curiosidade em saber para o conhecer melhor, quando fugi e desviei caminho porque senti as bochechas a corar em vez de ir em frente sorrir e dizer olá; quando não tenho coragem de mostrar e dizer o que sinto e invento mil e uma desculpas para não o fazer....
Fico à espera e quase que acredito que o universo também atua, também tem o poder e a influência de aproximar quem tem de se aproximar; que se trincarmos a vela do bolo de anos com muita força a pensar no nosso desejo, que o universo nos há-de ajudar a concretizá-lo... oxalá que haja um bocadinho de magia nisto tudo, um pozinho de pirilim pim pim para levar alguns dos meus medos embora ou dar-me a oportunidade de ir ao baile, nem que seja só até à meia noite :)