sábado, 20 de agosto de 2016

A caminho do pôr do sol de Odeceixe

Primeiro procurei paz, acalmar-me, sentir e pedir ao meu corpo para voltar à normalidade.
Não foi fácil ao início depois dos reencontros temidos e inesperados.
Precisei de me reencontrar. Precisei de me compreender.
Apercebi-me tinha o coração cheio de raiva, ódio, mágoa, sentimentos maus que não levam a bom porto. Qual o caminho para os apagar?
As pessoas com quem vou falando confortam-me.
Vou começando a perceber e a ver onde quero estar. Não me posso deixar vencer pela mágoa, ela dói, nós curamos e avançamos.
Começo cada vez mais a ver a luz do sol ao fundo da escuridão que está à minha volta. A mensagem, inesperada mas tão adequada, da pessoa mais próxima de Deus que conheço, fez-me perceber que Deus jamais me falhará. Envia-me anjos de todas as formas, que guiam à varanda do mar, que me fazem ver que o caminho é Cristo e Cristo é amor.
Olho para trás e dou graças pelo que passou, por todo este caminho percorrido, pela coragem, pelo desafio. E vejo algumas asneiras que fiz, coisas escritas no auge da mágoa, devia ter pensado primeiro: "Como é que Deus faria?"
Apercebo-me que tenho um longo caminho a percorrer. Sei como me quero sentir, mas existem detalhes, arestas ainda por limar.
Oxalá eu consiga "olhar para lá das ondas", confiar e ter fé para "mesmo sem ver acreditar".
Oxalá tudo volte à normalidade.
Oxalá a perda me faça bem e torne-me mais forte este caminho, mais parecida e próxima com Ele, depois das asneiras que também fiz ou disse.
Não quero ficar presa no passado, no que deixei de ter com ele, nos sonhos que sonhamos e não aconteceram. Não quero sobretudo ficar presa na esperança.
Quero mentalizar-me que foi o fim, que não posso permitir que o meu pensamento e o meu coração sonhem com qualquer coisa em contrário. Foi o fim de um e o princípio de qualquer outro caminho.
Quero continuar feliz como já era antes, afinal tudo isto é passageiro, nós somos passageiros e a vida também passa num instante.
Quero sonhar e viver bem, sentir-me bem.
Quero ser eu, autêntica, quero falar, partilhar e não guardar tudo para mim, porque sim a solidão é assustadora, preciso do carinho e dos ombros dos amigos, até mesmo das palavras. Afinal os amigos estão sempre lá, eu é que me esqueço deles e têm sido o meu suporte.

Quero viver cada dia e cada hora que Deus me der a graça de viver com um coração simples e puro.
Agora quero ver o pôr do sol que já se adivinha maravilhoso.
Jamais me esquecerei desta luz e vou esforçar-me para que não se apague.