segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Afinal há sonhos que se realizam....

E realizam-se quase sem nos apercebermos.
No sábado quando conduzia a caminho de casa, apercebi-me da riqueza que tinha, da liberdade de ter os fins de semana livres, sem trabalhar, despreocupada, sem as correntes que me deixavam ir onde quisesse, mas que estavam sempre lá prontas a cortar a liberdade a qualquer momento.
Agradeci e desfrutei dessa liberdade, antigamente o sábado era sempre stressante e depressivo, pois era dia de partida, e era sempre uma azáfama e um esforço para me dividir.
Durante anos sonhei em poder voltar a desfrutar do sol de sábado que é especial, da calma, do prazer de fazer coisas que gosto... e enquanto conduzia a saboreava o prazer de chegar em vez de partir apercebi-me que foram 11 anos a sonhar!!!!
Recordei-me da saudade que sentia, quando no tempo da faculdade, por trabalhar aos fins de semana, tinha de ficar retida e presa em Lisboa, sentia-me muito sozinha e detestava; via todos a fazerem coisas agradáveis ao fim de semana e eu a trabalhar, nem para namorar dava, o fim de semana era muito triste. Sonhava na altura em acabar o curso, encontrar um emprego a sério e poder voltar a ter fins de semana.
Isso não aconteceu, mas ao princípio era bom, o carro dava mais alguma liberdade e permitia encurtar a distância entre o cá e o lá.
Mas por ter tantas coisas que gosto de fazer ao fim de semana, custava-me tanto!!!! E foi sendo cada vez mais difícil de suportar, ao olhar para trás nem acredito que aguentei tanto tempo.
Houve alturas em que deixei de sonhar e acreditar, todas as perpectivas me diziam que aquele sol de sábado com sabor a liberdade nunca mais voltava....
...mas voltou!
Não está garantido, pode fugir a qualquer altura, sabe ainda a tão pouco, mas está cá!
Ao fim de 11 anos um sonho tornou-se real....afinal vale a pena sonhar :)

sábado, 23 de outubro de 2010

Vivemos para quê

Gostava tanto de acreditar na resposta que quero dar a esta pergunta, mas cada vez mais me assuto com a minha vontade de desistir, de me deixar andar com o vento, à deriva, sem projectos, sem sentidos, sem ter uma meta para alcançar, simplesmente porque ela desapareceu e não consigo encontrá-la de volta!
Até a resposta que queria acabei de a perder...
Sinto vontade de me agarrar e continuar, mas também sinto que não estou bem lá, talvez seja do cansaço que tem sido muito nos ultimos dias e a tristeza de não conseguir.
Pensamos ou queremos pensar que vivemos para sermos felizes e é verdade. Mas a felicidade nem sempre está onde pensamos, o desafio é ser feliz, mesmo quando tudo corre mal, quando nos esforçamos e mesmo assim n conseguimos; quando amamos e n somos amados, quando damos e somos traídos, quando sonhamos e n alcançamos; quando desesperamos; quando choramos; quando perdemos e n ganhamos; quando acreditamos e n realizamos, porque em tudo aquilo que é contrário a isto já é fácil ser feliz.
Um dos adolescentes com quem me reuno semanalmente (o que é um verdadeiro desafio este ano e me tem dado força extra) respondeu-me há dias "Vivemos para quê"? e disse-me que n tinha nada que o alegrasse.....medo, medo, muito medo! Nem sei se consegui disfarçar a minha reacção quando li esta frase.
Já me debato comigo própria, fico triste quando vejo estas inquitações num adolescente de 13 anos, têm a vida pela frente, o pior ainda está para vir, recordo-me que é uma fase complicada, mas daí a sentir esta inércia pela vida....
Dessa idade tudo me corria mal, como agora, tive problemas diversos que me fizeram chorar muitas noites por baixo dos lençois, mas tinha uma esperança do tamanho do mundo, que me fazia sorrir genuinamente, acreditar e sonhar com convicção e aproveitar o lado positivo em tudo, que conseguia encontrar.
Saudades dessa menina tão forte, tão convencida do que queria, tão alegre e que conseguiu dar a volta por cima de tudo.
Sem dar conta tudo o que realizei, desrealizei, aquela quebra na minha vida revelou-se num verdadeiro naufrágio, por vezes pensei ter conseguido sobreviver, mas as ondas continuam muito fortes e estou constantemente a ir ao fundo.
N quero desistir, quero reencontrar-me, descobrir onde no tempo enterrei essa alegria que me movia e contagiava outras pessoas.
Vou acredirar no "desafio de viver", tema da catequese que dou este ano, eles n sabem, mas quem mais quer aprender sou eu, renascer, talvez na tentativa de descobrir neles essa alegria dos 14 anos, reaprender como se faz.
Oxalá eu lhes consiga transmitir tudo aquilo em que quero acreditar e caminhar, que vivemos para sermos felizes, para amar sem desmedida, para fazer outros felizes, que Ele é quem nos abraça e segura ao colo, mas não vai fazer com que os problemas e as dificuldades desapareçam, vai sim dar-nos força para os viver.
Oxalá :)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sem titulo...

Coimbra 4 de Dezembro de 1980

"A história é uma paixão dos homens e uma ironia dos deuses. Sendo vivida por nós, parece feita por eles. Quanto mais nos obstinamos em torná-la o espelho dos nosso triunfos, mais não sei que ocultos desígnios capricham em reduzi-la a uma aventura absurda. Porque ao fim e aos cabo, sempre que nela floresce a esperança, frutifica a desilusão. Arena inglória, onde a vida e a morte, se confrontam a toda a hora, o sangue que a mancha nem sequer tem sentido. Inocente ou culpado, mitiga apenas a sede insaciável e vã da fatalidade."

In Diário de Miguel Torga

Expiação

Nunca me respondeste quando te chamei,
E só Deus sabe como era urgente e aflita
A minha voz!
Mas, desgraçadamente sós,
Morrem os que se afogam
No mar da sua própria condição.
O meu, sem margens, é um descampado
desabrigado.
Vagas e vagas de solidão,
E a tua imagem, litoral sonhado,
sempre evocada em vão.

Miguel Torga

Armadilha

Vivo preso nas malhas dos meus sonhos
Desfeitos,
A lembrá-los
E, quanto mais esbraçejo
Mais me enredo na trança
Da ratoeira
É que todos eram a maneira
Airosa
De me salvar.
E nenhum consegui realizar,
Nem consigo esquecer.
Virados do avesso, são agora
Uma negra masmorra
De condenado
Até onde não pude!
Até onde não sou!
A que alturas celestes quis subir!
E não subi, nem fui, nem certamente vou.

Miguel Torga

Catequese...

Reza comigo se te queres salvar
Deus é pura poesia
E o poema uma humilde petição
No tempo sacrossanto da eternidade
Reza comigo a ler-me e a memorar
Os versos que mais possam alargar
O teu entendimento
De ti, do mundo e do negro inferno
De cada hora.
Purificada neles, terás então
No coração
A paz aliviada que te falta agora.

Miguel Torga, Coimbra, 12/04/92

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A minha primeira história de amor...

...que como todas as outras não teve um final muito feliz, mas que como a maioria, é recordada com muito carinho e saudade e como uma aprendizagem, nas aventuras em torno desse sentimento tão especial e bonito.
A primiera coisa que me seduziu em ti foi o teu ar calo e tranquilo, mal te ouvi uma palavra a sair da boca e vi-te como um sonho distante, que nunca iria estar ao meu alcance.
Passou esse dia, esse casamento onde mal nos conhecemos e não eras mais do que uma bela miragem, até ao dia em que surgiu a possibilidade de passarmos mais tempo juntos, de nos conhecermos melhor... nem queria acreditar, foram 6 meses a sonhar, a fazer a contagem decrescente para aquela viagem e sempre a tentar convercer-me de que era apenas um sonho! Os poucos momentos em que iamos estando juntos, sempre com muita vergonha da minha parte, ficava bloqueada, ainda falava menos que o habitual, deram para te ir conhecendo e cada vez gostar mais do que descobria.
Chegou a tão desejada viagem, o primeiro dia foi muito constrangedor, a primeira noite na tenda também, fizeram questão de nos dar 30m, que parceram uma eternidade: após a boa noite, n conseguia adormecer de modo algum, acho que fingi mesmo que estava a dormir, para adormecer.
A partir daí fomos ficando à vontade, andavamos sempre juntos, partilhavamos imensas coisas, eu ficava contente qd fazias questão de estar mesmo junto a mim, chegamos a andar de mãos dadas, mas um dos momentos que está gravado (estão quase todos, foi um sonho tudo aquilo), foi de noite no autocarro, iluminado pela luz da lua e nós a dormirmos bem escostados um no outro.
O sonho ia crescendo, não havia contacto físico, mas o facto que quereres a minha presença, estares junto a mim, os carinhos e festinhas no cabelo, adormecermos todas as noites lado a lado a conversar, era para mim suficiente.
Todos pensavamos que eramos namorados, houve mesmo uma rapariga qu um dia disse-me qquer coisa: "..há o teu namorado" e eu disse que n tinha namorado, ela devia estar a confundir-me, ela n se acreditou.
Foi uma vivência bonita, nunca soube o que realmente sentiste, até desconfio No dia em que te ouvi dizer que tinhas namorada e mostraste a foto dela, senti o meu peito a rasgar e um enorme buraco a abrir. Na paragem seguinte, enfiei-me na casa de banho e deixei lá as lágrimas que estavam a rebentar dos meus olhos, senti-me completamente desorientada e triste...foi a primeira vez que chorei por amor...
Tentei afastar-me um pouco depois, mas tu continuaste igual, a fazer-me festas no cabelo, a pedir-me para eu ir a Lisboa pois n querias deixar de me ver, a querer estar 30m so comigo antes de a tua prima vir também para a tenda e eu nunca tive coragem para te dizer nada, para te perguntar nada, perguntava aos outros, outros amigos que conheci lá a opinião deles e eles achavam o que eu achei também: que sentiste algo de especial (desde cedo que tenho tendência para estas amizades estranhas), mas estavas apaixonado por outra pessoa e foste-lhe sempre fiel. Gostei de te ver abraçá-la quando chegamos, preferia ser eu a receber esse abraço, mas quando se gosta, quer-se que essa pessoa seja feliz, mesmo que essa felicidade não passe por nós.
Já na altura pensava assim e continuo, isto é mto facil de escrever e dizer e muito difícil de viver, mas quando se gosta muito, mais do que a nossa felicidade, queremos a do outro e podemos sempre continuar a fazê-lo feliz, com uma amizade sincera.
Foram 15 dias mágicos, terminaram com alguma tristeza, mas a vida seguiu. Seguiu e deu voltas curiosas, passados 2 anos somos vizinhos em Lisboa, um desejo que veio com 2 anos de atraso e fora de horas, mas foi giro encontrar-te, por vezes, na fila do bus, que era sp enorme e um dia chamaste-me para junto de ti, para ficar mais à frente e brincaste com o meu saco das compras cheio de alhos franceses; também nos encontramos algumas vezes no ginásio e eu apesar de já ter passado tudo e de o meu coração estar enanado na altura com outro, ficava sempre envergonhada, sentia-me roburizar...uma cidade tão grande e eu tinha de ir morar para junto de ti e frequentar o mesmo ginásio... a tua mãe também a via mtas vezes a passear as cadelas e mandava-te cumprimentos por ela.
Foi a primeira vez que experimentei quase tudo: a alegria qd o sonho começa a parecer tornar-se real, a tristeza e a desilusão qd passa a ser novamente um sonho, apenas não senti a alegria contagiante qd se torna real e n há dor nenhuma no mundo que recusar um bom momento com medo da perda, com medo que acabe mal.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tudo o que temos cá dentro...

É o nome do livro que ando a reler, escrito por Daniel Sampaio.
Sabe sempre bem reler os livros uns bons anos depois a interpretação e as perpectivas são sempre diferentes.
Hà 9 anos, procurei neste livro solução e ajuda para um grande desafio que tinha na altura: lidar com as ameaças de suicídio de alguém de quem gostava muito e com a minha própria tentação. Nunca me suicidaria, se na altura achava que a vida não tinha sentido, que não ia saber o que fazer, como continuar, como preencher o vazio, como apagar o fogo... o que se passou na altura não foi nada, com o que já aconteceu desde ai. É certo que cheguei a encher a banheira de água e mergulhei nela, sem saber muito bem se ia ter coragem ou ser cobarde o suficiente para não vir à tona. Aguentei até não poder mais... e levantei-me de cabeça erguida, afinal não tinha escrito nenhuma carta de despedida!
Não é fácil estar num carro a caminho do Algarve e receber sms alusivos ao suicídio, ou às 3h da manhã, enfim n quero continuar a abrir essa gaveta da memória, se realmente tivesse acontecido, tinha ficado maluca, acho eu, ia-me sentir eternamente culpada, felizmente as ameaças eram apenas chamadas de atenção.
A história é triste, um rapaz de 18 anos fica a "bater mal" qd a rapariga com quem tinha curtido e feito amor, se suicida e deixa uma carta a dizer que foi por não conseguir viver sem ele. Não se sente culpado, pois foi sincero com ela, mas ignorou as "ameaças" dela e teve medo do amor que sentia e por isso não deu continuidade àquela noite, passada com ela, queria apenas curtir o momento e n se prender a ninguém. Agora que ela se foi, sente falta, n deixa de pensar nela, quer libertar-se e n consegue, dá um valor incalculável à noite que passaram juntos e teme que nunca mais se consiga envolver com ninguém. Anda nas consultas do Daniel Sampaio para tentar reencontrar o caminho...
Estou a gostar e curiosa para saber o fim (que n me lembro), mas este livro põe-me mais triste, e faz-me ver que na maioria das vezes n agimos com o coração, triste porque é mais uma história de amor que não tem um final feliz.
O passado é reconstrutor do futuro, diz o autor do livro, será?
Gosto mais de lembrar o sentido de tempo a correr, se pensassemos da seguinte forma, fariamos tanta coisa diferente:
"E um bruxo comentou: que a morte esteja sempre sentada ao teu lado. Assim, qd precisar de fazer coisas importantes ela dar-lhe-á a força e a coragem necessárias"