terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tudo o que temos cá dentro...

É o nome do livro que ando a reler, escrito por Daniel Sampaio.
Sabe sempre bem reler os livros uns bons anos depois a interpretação e as perpectivas são sempre diferentes.
Hà 9 anos, procurei neste livro solução e ajuda para um grande desafio que tinha na altura: lidar com as ameaças de suicídio de alguém de quem gostava muito e com a minha própria tentação. Nunca me suicidaria, se na altura achava que a vida não tinha sentido, que não ia saber o que fazer, como continuar, como preencher o vazio, como apagar o fogo... o que se passou na altura não foi nada, com o que já aconteceu desde ai. É certo que cheguei a encher a banheira de água e mergulhei nela, sem saber muito bem se ia ter coragem ou ser cobarde o suficiente para não vir à tona. Aguentei até não poder mais... e levantei-me de cabeça erguida, afinal não tinha escrito nenhuma carta de despedida!
Não é fácil estar num carro a caminho do Algarve e receber sms alusivos ao suicídio, ou às 3h da manhã, enfim n quero continuar a abrir essa gaveta da memória, se realmente tivesse acontecido, tinha ficado maluca, acho eu, ia-me sentir eternamente culpada, felizmente as ameaças eram apenas chamadas de atenção.
A história é triste, um rapaz de 18 anos fica a "bater mal" qd a rapariga com quem tinha curtido e feito amor, se suicida e deixa uma carta a dizer que foi por não conseguir viver sem ele. Não se sente culpado, pois foi sincero com ela, mas ignorou as "ameaças" dela e teve medo do amor que sentia e por isso não deu continuidade àquela noite, passada com ela, queria apenas curtir o momento e n se prender a ninguém. Agora que ela se foi, sente falta, n deixa de pensar nela, quer libertar-se e n consegue, dá um valor incalculável à noite que passaram juntos e teme que nunca mais se consiga envolver com ninguém. Anda nas consultas do Daniel Sampaio para tentar reencontrar o caminho...
Estou a gostar e curiosa para saber o fim (que n me lembro), mas este livro põe-me mais triste, e faz-me ver que na maioria das vezes n agimos com o coração, triste porque é mais uma história de amor que não tem um final feliz.
O passado é reconstrutor do futuro, diz o autor do livro, será?
Gosto mais de lembrar o sentido de tempo a correr, se pensassemos da seguinte forma, fariamos tanta coisa diferente:
"E um bruxo comentou: que a morte esteja sempre sentada ao teu lado. Assim, qd precisar de fazer coisas importantes ela dar-lhe-á a força e a coragem necessárias"