Coimbra 4 de Dezembro de 1980
"A história é uma paixão dos homens e uma ironia dos deuses. Sendo vivida por nós, parece feita por eles. Quanto mais nos obstinamos em torná-la o espelho dos nosso triunfos, mais não sei que ocultos desígnios capricham em reduzi-la a uma aventura absurda. Porque ao fim e aos cabo, sempre que nela floresce a esperança, frutifica a desilusão. Arena inglória, onde a vida e a morte, se confrontam a toda a hora, o sangue que a mancha nem sequer tem sentido. Inocente ou culpado, mitiga apenas a sede insaciável e vã da fatalidade."
In Diário de Miguel Torga