sábado, 23 de outubro de 2010

Vivemos para quê

Gostava tanto de acreditar na resposta que quero dar a esta pergunta, mas cada vez mais me assuto com a minha vontade de desistir, de me deixar andar com o vento, à deriva, sem projectos, sem sentidos, sem ter uma meta para alcançar, simplesmente porque ela desapareceu e não consigo encontrá-la de volta!
Até a resposta que queria acabei de a perder...
Sinto vontade de me agarrar e continuar, mas também sinto que não estou bem lá, talvez seja do cansaço que tem sido muito nos ultimos dias e a tristeza de não conseguir.
Pensamos ou queremos pensar que vivemos para sermos felizes e é verdade. Mas a felicidade nem sempre está onde pensamos, o desafio é ser feliz, mesmo quando tudo corre mal, quando nos esforçamos e mesmo assim n conseguimos; quando amamos e n somos amados, quando damos e somos traídos, quando sonhamos e n alcançamos; quando desesperamos; quando choramos; quando perdemos e n ganhamos; quando acreditamos e n realizamos, porque em tudo aquilo que é contrário a isto já é fácil ser feliz.
Um dos adolescentes com quem me reuno semanalmente (o que é um verdadeiro desafio este ano e me tem dado força extra) respondeu-me há dias "Vivemos para quê"? e disse-me que n tinha nada que o alegrasse.....medo, medo, muito medo! Nem sei se consegui disfarçar a minha reacção quando li esta frase.
Já me debato comigo própria, fico triste quando vejo estas inquitações num adolescente de 13 anos, têm a vida pela frente, o pior ainda está para vir, recordo-me que é uma fase complicada, mas daí a sentir esta inércia pela vida....
Dessa idade tudo me corria mal, como agora, tive problemas diversos que me fizeram chorar muitas noites por baixo dos lençois, mas tinha uma esperança do tamanho do mundo, que me fazia sorrir genuinamente, acreditar e sonhar com convicção e aproveitar o lado positivo em tudo, que conseguia encontrar.
Saudades dessa menina tão forte, tão convencida do que queria, tão alegre e que conseguiu dar a volta por cima de tudo.
Sem dar conta tudo o que realizei, desrealizei, aquela quebra na minha vida revelou-se num verdadeiro naufrágio, por vezes pensei ter conseguido sobreviver, mas as ondas continuam muito fortes e estou constantemente a ir ao fundo.
N quero desistir, quero reencontrar-me, descobrir onde no tempo enterrei essa alegria que me movia e contagiava outras pessoas.
Vou acredirar no "desafio de viver", tema da catequese que dou este ano, eles n sabem, mas quem mais quer aprender sou eu, renascer, talvez na tentativa de descobrir neles essa alegria dos 14 anos, reaprender como se faz.
Oxalá eu lhes consiga transmitir tudo aquilo em que quero acreditar e caminhar, que vivemos para sermos felizes, para amar sem desmedida, para fazer outros felizes, que Ele é quem nos abraça e segura ao colo, mas não vai fazer com que os problemas e as dificuldades desapareçam, vai sim dar-nos força para os viver.
Oxalá :)