quarta-feira, 15 de março de 2017

O sub-consciente, as emoções e as memórias

Lista de ingredientes retirada do meu sub-consciente no último sonho em Portugal:
o homem 1 que já há muito devia ter saído de lá, as saudades (talvez) de me sentir amada assim, o toque, o olhar, as surpresas, o inesperado e o esperado, a paixão, os beijos, o carinho, tudo... como é possível eu ainda sonhar com isto!!!!
O homem 2 que também já devia ter ido e foi, o que não vai é a preocupação, a espécie de dor, de vê-lo com outra pessoa (no sonho era a terceira x que o via passar de carro com ela, mas ela, acho que só mesmo em sonhos, ou melhor em pesadelos, coitado, só rir, porque será que o meu sub-consciente foi buscar tal personagem para se juntar a ele?!, há humor lá bem no fundo de mim).
O carro o meu bem material maior, estava-se a partir todo (talvez o medo que isso aconteça) mas ao mesmo tempo eu estava nem aí, afinal de contas há coisas muito mais importantes na vida!
Fragmentos do antigo emprego, saudades das coisas boas, talvez o receio de ter feito uma má opção.
Curiosamente a terra dos sonhos não apareceu!!!Numa noite em que adormeci tão nervosa, mais do que da primeira vez que não conhecia nada do que me esperava, esse medo e receio não apareceu no meu sonho, talvez fosse supérfluo. As saudades também não, pelo menos de forma direta, mas a sensação de partir e deixar tudo para trás, a dor que isso causa estava lá, de uma forma pouco precisa e impossível de descrever.
As emoções de partir, a lágrima no canto do olho dentro do avião, o último abraço ao meu pai, com os olhos cheios de água como jamais vi, a força para manter as minhas lágrimas cá dentro, os beijinhos e abraços da minha mãe, o saber quanto apertadinho fica o seu coração, a voz dos meus sobrinhos cheia já de saudade antes do avião arrancar e o aperto e agonia daquela viagem que me deixaram má disposição durante muitas horas.
O sorriso no aeroporto, ver caras conhecidas à minha espera, ver e ouvir em francês, sentir-me cheia de energia e feliz para uma nova etapa.
Chegam as memórias quando chego a casa. À excepção da janela, que no ano passado era uma varanda e do andar que agora é no chão, o apartamento é igual, as memórias começam a surgir de muitos lados, e não vão parar, afinal de contas foram 2 meses e meio bem vividos aqui, mas super partilhados com o acolá. Ponho as mãos na cintura e enfrento-as como se enfrenta um touro, ou não fosse eu do Ribatejo.
As emoções de voltar a entrar na magia, de rever caras e receber abraços super apertados e eufóricos, o sorriso de algumas caras quando se cruzam com a minha e claro é impossível não parar de sorrir. Estou no melhor trabalho do mundo, com um pé dentro desta história e sabe mesmo bem estar aqui.
De vez em quando as memórias atraiçoam-me, também lá claro, agora nos breacks reina o silêncio, não há um receptor especial para receber os pedaços do meu dia hora a hora, não há um emissor especial para enviar pedaços do seu dia hora a hora. As memórias mais uma vez enfrentam-se e constroem-se outras novas e melhores.
Está na altura de guardar apenas os sapatos, esquecer o príncipe e aproveitar ao máximo a terra dos sonhos, onde posso ser quem eu sou: uma criança super feliz, mas cheia de saudades de casa.