segunda-feira, 18 de julho de 2011

Valença a Redondela...um pesadelo

Ontem foi muito duro, o cansaço do dia anterior fez-se sentir e bem!
Pensei em tudo, stressei, senti-me tentada a desistir. O impacto de sair do país, o caminho estar pior assinalado, a paisagem ser mais feia... as dores, até a mochila ontem me parecia tão pesada...
Pensei que era a ausência das pessoas a quem em tão pouco tempo me tinha habituado. Será!?
Gostei bastante de Tui, demorei um pouco mais a visitá-la, na Sé ao falar com uma freira, ela pareceu muito preocupada por estar a fazer o caminho sózinha, o que me deixou pensativa e preocupada.
Lavei a minha vieira na água benta e pedi protecção para esta segunda etapa do caminho em terras espanholas... estava cheia de maus pressentimentos, não estava memso a gostar nada de como me estava a sentir.
O senhor da Sé quis tirar-me uma foto com a minha máquina, aproveitei, já que só tenho fotos de paisagens.
O início depois de Tui, mais bucólico até foi giro, mas a ausência das habituais setas amarelas causou-me insegurança e inquietação; nos caminhos no meio do bosque em vez de relaxar só tinha receios e medos e foi ai que comecei a stressar!
Na "Virgem do Caminho" pedi protecção a Maria e calma e logo de seguida vivi o meu maior suto do caminho: um carro parado em lugar suspeito e logo à frente um homem lá no meio do mato a "exibir-se".
Senti todos os meus medos e receios a virem à tona e a traduzirem-se na transpiração que invadiu o meu corpo...tudo talvez desnecessário, às vezes exageramos, até corri de mochila às costas, or momentos esqueci qualquer dor, o senhor talvez se tenha assutado também pois foi para o carro, ainda pensei que viesse atrás de mim, felizmente não... suspirei de alívio quando encontrei 3 espanhois mais à frente.
Depois o cansaço foi falando mais alto, as rectas até Porrino fizeram-me desesperar, mas descsansei o corpo e a alma e decidi continuar, não me estava sentir nada bem naquele lugar, sentia as energias negativas virem de todo o lado!
Fiquei contente com a minha decisão, demorei bastante tempo a chegar ao destino, mas consegui!
No café em Porrino um brasileiro por quem tinha passado disse-me "com calma paa esvaziar a mente" e realmente o stress não nos leva a lado nenhum.
Iniciei a segunda parte da jornada nas calmas, depois de almoço, a cantar para mim cânticos de Tizé, porque me ajudam a acalmar e a descontrair e assim fiz o caminho com muito mais tranquilidade e paz.
Numa área de descanso antes das rectas de Porrino aconteceu um episódio engraçado: uma espanhla pediu-me umas meias secas, fui à mochila e tirei as que menos gostava para lhe oferecer. Mas tinha percebido mal e as meias eram para mim, ela estava a aconselhar-me a trocar de meias para evitar bolhas!!Bela lição!
Tive pena de chegar tarde a Redondela, mas aquilo ficou mais ou menos visto, fui jantar um "bocadilho" e beber uma grande cerveja preta!
Enquanto escrevia estas palavras, junto a uma paisagem maravilhosa, aparece o Henri, o brasileiro do dia anterior e pediu-me para escrever a seguinte frase:

"Quando você nasce recebe um corpo e quer trate bem ou mal, quer você ame ou odeie, é isso que você vai ter para toda a vida e no fim, infelizmente, vai ter de devolvê-lo".