quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ausência...

"O som do seu nome soltou tudo aquilo que destroçava o meu interior, uma dor que me deixava sem fôlego e cuja violência me surpreendia.(...)um profundo sofrimento dilacerou-me perante a recordação do seu rosto.
Senti o soalho liso debaixo dos joelhos; depois sob as palmas das mãos; e, por fim, senti-o encostado à pele do rosto. Esperava desmaiar, mas, para minha desilusão, não perdi os sentidos. As ondas de dor que, anteriormente, me tinham apenas tocado ao de leve elevavam-se agora bem alto, precipitando-se sobre a minha cabeça e empurrando-me para o fundo. Não voltei à tona.(...)
O tempo passa. Mesmo quando tal parece impossível. Mesmo quando cada tiquetaque do ponteiro dos segundos dói como o palpitar do sangue sob a ferida. Passa de forma irregular, com estranhos avanços e pausas que se arrastam. Mas lá passar, passa. Até para mim.(...)
Os últimos sete meses nada significavam. E as suas palavras na floresta nada significavam. E não importava que ele não me quisesse. Jamais desejaria outro que não ele, por mais tempo que vivesse(...)
Nos seus braços era fácil fantasiar que ele me desejava, não queria pensar nas motivações, sentia-me muito mais feliz a fingir.
Era como se nunca tivesse existido um buraco no meu peito. Sentia-me óptima, não curada, mas como se nunca tivesse existido qualquer ferida...
Parecia extremamente satisfeito por me ter nos braços, com os dedos a percorrerem-me o rosto, vezes sem conta. Eu também tocava no seu. Não conseguia evitá-lo, embora receasse que isso viesse, depois, a fazer-me sofrer, mal ficasse novamente sozinha. Continuou a beijar-me no cabelo, na testa, nos pulsos... mas nunca nos lábios... e era melhor assim. Afinal de quantas maneiras pode um coração ser mutilado e esperar-se que continue a bater?
Sentia o fantasma do buraco, esperando que se abrisse mal ele fosse embora. Não sabia como iria sobreviver desta vez(...)
Depois a sua boca uniu-se à minha e não consegui resitir-lhe. Não por ser milhares de vezes mais forte, mas porque a minha força se desfez em pó assim que os nossos lábios se tocaram. Este beijo não foi tão cauteloso, tornando-se maravilhoso. Já que em causaria sofrimento, mais valia obter o máximo em troca...
Correspondi ao beijo, com o coração a bater ruidosamente, a um ritmo irregular e desconexo, enquanto a minha respiração se tornava ofegante e os meus dedos se precipitaram avidamente para o seu rosto. Sentia o seu corpo em contacto com cada contorno do meu, satisfeita por não ter dado ouvidos a mim mesma. Não havia qualquer dor no mundo que justificasse perder aquilo..."

in Lua Nova de Stephanie Meyer