sexta-feira, 17 de junho de 2011

Olhar para trás no caminho...

Hoje foi um dia muito duro, ia ser o mais difícil e mentalizei-me para isso. Não sabia se ia conseguir, mas consegui! Parti mais cedo que o habitual, estavam todos de partida também... foi muito gira a primeira parte do caminho, sozinha e a tomar o gosto por aquelas paisagens molhadas, maravilhosas, a ver o sol a ganhar cada vez mais cor e intensidade.
Ao fim de 2h passaram por mim os ciclistas tugas, muito simpáticos, admirados com o ritmo que eu levava, mais à frente encontrei o Filipe e já tinha passado pelo meu "demónio" (um espanhol que no Porto se meteu comigo e eu com receio menti-lhe, ao dizer que não ia fazer o caminho... já nos encontramos várias vezes, gostava de lhe pedir desculpas e explicar o porquê da mentira, mas fico com vergonha e ele tem um ar tão simpático, diz-me sempre "ola" de uma forma tão carinhosa, será que não se lembra?)
É uma pedra que trago comigo, oxalá seja perdoada... começar o caminho com uma mentira... mais um sinal de que não devemos mentir.Fiz a subida toda até Rubiães com o Filipe, é bem agradável a companhia dele, os ciclistas voltaram a passar por nos, tirámos fotos e trocamos mails.
Em Rubiães continuei, era bem mais cedo do que esperava, cheia de fome e com medo de não encontrar cafés, mas felizmente mais à frente encontrei um em Coura, e mais uma vez o "demónio" a sair e eu a entrar e mais uma vez fiquei-me pelo "ola"... não sei se o vou voltar a ver, isto ocupa-me grande parte do pensamento, sentia-me melhor se lhe pudesse explicar.
Continuei sozinha com os meus pensamentos, hoje dominados pela pedra que trago comigo, oferecida por um amigo... "terá o significado que terá de ter" e que ainda não sei qual é. Já percebi que as pedras deixadas no caminho são desejos, promessas... o porquê de serem deixadas num determinado local, só quem as deixou sabe. Não me quero, para já, desfazer da minha, sinto que não está na hora. Sei que significado gostava que ela tivesse, mas não sei se não deva ir para o sentido oposto?!
Já lá vão 5 dias de caminhada, está a ser uma aventura fantástica, mas passa rápido. Agora em Espanha vou-me desligar dos telefones e ver se coloco as ideias em ordem. Ainda me falta alguma inspiração para as coisas da Zita também...
Almoçei no adro de uma igreja fantástico, onde dormi uma soneca para descansar. De tarde, ao início, foi novamente deslumbrante descer a serra, apesar das dores nas pernas que as descidas fazem! Com o avançar das horas, dos km e do calor foi ficando cada vez mais difícil.
A poucos km do fim encontrei o Joaquil, um português muito castiço, mais velho e fizémos juntos o resto. jantamos juntos, é professor de yoga e gosta de partir muito cedo, talvez nos encontremos em Redondela. Tive pena de deixar o grupo com quem tinha vindo, mas eles queriam ficar em Rubiães, cheguei lá tão cedo... 4f quero estar em Santiago, tenho manter o planeado!
Hoje estou mesmo muito cansada e com dores nos pés e pernas... andei muito, mas vale sempre a pena!